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Publicado em: 16/07/2010
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Novo equipamento no Hupe permitirá ampliar transplantes de medula

Vilma Homero

Divulgação

   

    Novo equipamento permitirá ampliar o número de transplantes

  

 

O serviço de Hematologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj),  a partir do mês de julho, amplia o atendimento a pacientes que necessitam de transplante de medula óssea. Isso porque passou a contar com um recém-adquirido equipamento, capaz de coletar células-tronco hematopoiéticas, ou seja, aquelas que dão origem às demais células do sangue. A aquisição foi realizada com financiamento da FAPERJ, por meio de um Auxílio à Pesquisa, sob a coordenação do pesquisador Luís Cristóvão Pôrto, do Laboratório de Histocompatibilidade e Criopreservação (HLA) daquela universidade, professor titular do Departamento de Histologia e Embriologia do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes (Ibrag) e Cientista do Nosso Estado da FAPERJ, que incluiu também a montagem da sala de coleta de células-tronco hematopoiéticas e a criação do laboratório de criopreservação dessas células, na Policlínica Piquet Carneiro.

"Já realizamos transplantes autólogos de células-tronco no Hospital Pedro Ernesto desde 2004. Mas até agora a coleta e o armazenamento dessas células era feita pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), com quem temos convênio. Com a aquisição do equipamento, vamos poder liberar as máquinas do Inca, tornar nosso serviço mais independente e ainda desenvolver no hospital projetos de terapia celular que dependam igualmente da coleta dessas células", fala a coordenadora da Unidade de Transplante de Medula “ssea, Cristiana Solza.

O transplante de medula tem várias indicações: para os casos de mielomas múltiplos, linfomas de Hodgkin e não Hodgkin e tumores germinativos, o tratamento é por meio de transplante autólogo, isto é, feito com as células-tronco do próprio paciente. Nos casos de leucemias agudas, mielóides e linfoblásticas, nas síndromes mielodisplásicas, nas talassemias, nas anemias aplásticas ou falciformes, entre diversos outros, indica-se o transplante alogênico, ou seja, aquele que é feito com células hematopoiéticas de um irmão ou de um doador não aparentado, encontrado nos bancos de medula óssea e sangue de cordão umbilical. No Brasil, apenas 50% dos pacientes que necessitam dessa modalidade de tratamento chegam a ser transplantados devido à falta de leitos, de equipes capacitadas e dos equipamentos necessários.

Além de realizar a coleta, durante o processo, o recém-adquirido equipamento faz a separação dos elementos do sangue (células vermelhas, células brancas, plaquetas e plasma). Ele trabalha em esquema de fluxo contínuo – seja para fazer coleta e separação das células-tronco, seja para fazer a infusão dos componentes do sangue (células vermelhas, plaquetas e plasma), que são devolvidos ao paciente. Com isso, o rendimento é maior e a velocidade do procedimento também. "A nova máquina trabalha num ritmo quatro vezes maior do que equipamentos similares, que costumam funcionar em sistema intermitente. Ou seja, coletam, param para separar os elementos do material coletado e só então prosseguem com o procedimento. No esquema de fluxo contínuo, minimizamos o risco para o paciente e os custos, já que, a cada dia de coleta, é preciso usar um kit novo, que sai a um custo de 300 dólares, cada. Pela técnica com fluxo contínuo, em geral, o número de dias de coleta é inferior ao dos equipamentos de fluxo intermitente", diz a hematologista.

"Com isso, o novo equipamento permitirá ampliarmos o número de atendimentos", diz a enfermeira Vera Diniz, responsável pela operação da máquina. Hoje, o Hupe, com dois leitos, faz dois transplantes autólogos por mês. No caso da coleta de células-tronco, o procedimento é realizado uma vez por semana. "Isso acontece porque precisamos controlar uma logística que inclui vários setores e laboratórios, e até pouco tempo atrás, também abrangia os laboratórios do hospital com os quais temos convênio. Agora, em vez de sobrecarregar o Inca, por exemplo, poderemos nos oferecer para realizar coleta em pacientes deles", diz Cristiana.

 Divulgação
 

Segundo Cristiana Solza, o equipamento funciona com      
fluxo contínuo, o que possibilita coleta mais rápida
 

Antes da coleta, é preciso quantificar as células-tronco hematopoiéticas (CD 34) no sangue periférico do paciente. "Precisamos saber se há um número mínimo de células-tronco (de 7 a 10 por microlitro de sangue) para poder dar início ao procedimento." A médica explica ainda que o ideal é a coleta única (um dia), que é menos desgastante para o paciente e reduz o custo da coleta. Quando isso não ocorre, é possível coletar por três dias consecutivos, em uma média de 3h/dia. "Quanto maior o tempo de coleta, maior o risco inerente a qualquer procedimento invasivo. Além disso, em três ou quatro dias, a produção dessas células se esgota, ou a medula para de liberá-las", fala a pesquisadora.

Depois que as células-tronco são coletadas e congeladas (a -80 ou -196 graus Celsius), o paciente é submetido a uma terapia de condicionamento, que consiste numa quimioterapia muito agressiva, para destruir a medula, que será reconstituída com as células infundidas no transplante. "No transplante, as células – congeladas e mantidas em gelo seco – são descongeladas e infundidas no paciente, como em uma transfusão de hemoderivados", explica a hematologista. Uma vez realizada a transfusão, o paciente passa pela fase de aplasia – que corresponde ao período entre o esvaziamento da medula óssea e a reconstituição da hematopoiese pelas células-tronco infundidas. "Elas migram imediatamente para a medula, e num período de sete a 12 dias, voltam a ser responsáveis pela hematopoiese normal", segundo a pesquisadora.

Para Cristiana, a aquisição do novo equipamento significa ainda a possibilidade de efetivar outros procedimentos de hemoterapia, como a aférese terapêutica, usada em pacientes com doenças hematológicas e não hematológicas. "Também formaremos mão-de-obra para operar o equipamento", diz a enfermeira Vera. Assim, o trabalho da disciplina de Hematologia do Hupe só tende a crescer.

Para Luís Cristóvão, a coleta e criopreservação de células-tronco na Uerj vai permitir a formação de profissionais, capacitação de técnicos e a expansão dos projetos de pesquisa em parceria com o Inca em criopreservação. “Nossos estudos já permitiram demonstrar que é possível reduzir a concentração do criopreservante dimetil sulfoxido, que possui efeitos colaterais durante a reinfusão das células no paciente. A adição de antioxidantes se mostrou eficaz na manutenção da viabilidade e na capacidade clonogênica de células-tronco de sangue de cordão e placentário”, diz. Em futuro próximo, o pesquisador acredita que será possível uma redução desses efeitos colaterais do dimetil sulfoxido com seu uso em concentração mínima, especialmente se forem comprovados em ensaios clínicos, no caso do autotransplante, os mesmos resultados obtidos pela doutoranda do programa de pós-graduação em Biologia Humana e Experimental da Uerj (BHEx), Juliana Motta, primeira autora de dois artigos sobre o tema, publicados na revista Cryobiology.

 

"O benefício para os pacientes deve vir também do envolvimento de novos alunos em pesquisas, utilizando-se metodologia para separação de células-tronco de diferentes linhagens e da sua expansão in vitro", complementa Luís Cristóvão.

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