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Publicado em: 02/06/2010
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Estudos sobre disfunção erétil identificam as alterações nas estruturas do pênis

Elena Mandarim

 Divulgação / Uerj

      

           Waldemar Costa (E) e Francisco Sampaio procuram identificar
             alterações relacionadas a cada causa de disfunção erétil


Dados do Ministério da Saúde mostram que cerca de 50% da população masculina com mais de 40 anos têm alguma queixa em relação à ereção. Entretanto, menos de 10% procuram auxílio médico especializado. Não é de se estranhar, então, que a primeira Campanha Nacional de Esclarecimento da Saúde do Homem – em acordo com a Política Nacional de Saúde do Homem lançada em 2009 – teve como foco a disfunção erétil. Na Unidade de Pesquisa Urogenital do Departamento de Anatomia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, dirigida pelo médico e professor titular Francisco Sampaio, Cientista do Nosso Estado da FAPERJ, desenvolvem-se diversos estudos relacionados ao sistema urogenital. Entre eles, os projetos do biólogo e professor adjunto Waldemar Costa, também Cientista do Nosso Estado da FAPERJ, buscam desvendar quais são as alterações morfológicas que ocorrem no pênis por diferentes causas.

Costa relata que a importância desses estudos é fornecer, fundamentado na pesquisa básica, subsídios para que a ciência aplicada possa tratar a disfunção erétil de acordo com sua causa específica. "A disfunção é vista como doença, quando, na verdade, ela é sempre uma consequência de outro problema. E são inúmeras as causas, como diabetes, depressão, doenças renais, entre várias outras", diz Costa. "O ideal é tratar um paciente com disfunção erétil decorrente do diabetes com drogas específicas para o diabetes e não como algo abrangente para a disfunção erétil", explica Sampaio. "O maior desafio é acabar com o tabu que ainda cerca a saúde sexual masculina em nossa sociedade, o que faz com que a maioria dos pacientes não procure ajuda especializada e, o pior, acabe se automedicando", diz.

Resumidamente, o pênis é formado por duas estruturas principais: uma é o corpo cavernoso, formado por tecido muscular, e o outro é corpo esponjoso, constituído principalmente por substâncias fibrosas, colágeno e fibras do sistema elástico. "Todos esses elementos estão envolvidos no processo de ereção. Por isso, acreditamos que a disfunção erétil seja decorrente de alterações em alguma dessas estruturas", diz Costa.

O pesquisador afirma, contudo, que não se sabe de maneira precisa quais são essas alterações, nem se elas ocorrem sempre de forma igual, independente da origem. "Nosso objetivo, portanto, é identificar como a estrutura peniana é alterada, especificamente, em cada caso", diz.

Resultados preliminares

Submetidos e aprovados por comitê de ética, os trabalhos realizados na Unidade de Pesquisa Urogenital desenvolvem-se com animais de experimentação – especialmente ratos e coelhos – e com material colhido de pacientes atendidos no Hospital Universitário Pedro Ernesto, vinculado à Uerj.

Segundo Costa, já foram feitas análises qualitativas e quantitativas dos componentes do pênis em três situações que, potencialmente, levam à dificuldade de ereção: diabetes, doença de Peyronie e priapismo – as duas últimas são doenças associadas ao órgão sexual masculino. Os resultados foram comparados a padrões normais referentes a grupos sem enfermidades e verificou-se que as alterações na estrutura peniana foram diferentes para cada uma das patologias estudadas.

O pesquisador conta que no priapismo todos os elementos encontravam-se modificados de forma significativa. O tecido muscular foi o mais afetado, apresentando redução de aproximadamente 17% em relação ao grupo controle. No caso do diabetes – experimento realizado com coelhos diabéticos –, as células musculares lisas também foram as mais afetadas, com aumento de aproximadamente 40% em relação aos animais saudáveis. Já na doença de Peyronie, somente as fibras do sistema elástico apresentaram alterações significativas: diminuíram 17,3%; músculo e colágeno tiveram apenas pequenas variações.

De acordo com Costa, projetos semelhantes estão em andamento. Ele explica que a dificuldade de ereção pode ser ainda de origem hormonal. "Com o envelhecimento, há uma queda natural na produção de hormônios masculinos, o que pode levar à disfunção erétil. Nesses casos, tem se utilizado a reposição hormonal", conta. Dentro dessa lógica, foi desenvolvido, em ratos, um trabalho mostrando os efeitos benéficos da reposição hormonal, mesmo que em fase tardia. Outro estudo, realizado com coelhos, busca entender o comportamento das fibras do sistema elástico durante o processo de envelhecimento desses animais. E, ainda, um trabalho experimental em ratos, simulando os efeitos do tratamento para câncer de próstata, pretende mostrar a ação da radiação nos corpos cavernosos do pênis, o que pode trazer como consequência a disfunção erétil.

Para informar a população

Para Sampaio, mais do que um problema sexual, a disfunção pode ser um marcador de outras doenças, como cardiopatias, diabetes, hiperplasia benigna da próstata, problemas renais, obesidade, hipertensão, entre outros. "Aproximadamente 50% dos pacientes diabéticos e 38% dos pacientes hipertensos apresentam algum grau de disfunção erétil", diz. Há ainda causas de natureza psicológica – como depressão e estresse; farmacológica – como o tratamento do câncer de próstata; hormonal – como o processo natural de envelhecimento que diminui a produção de testosterona; e algumas doenças do pênis – como priapismo e doença de Peyronie. "Boa parte dos pacientes não sabe identificar a causa de sua disfunção erétil. O primeiro passo é informar o público alvo para que saiba procurar a ajuda certa", diz Sampaio. Ele enfatiza a importância de, a qualquer sinal de disfunção erétil, se procurar ajuda médica especializada, ou seja, um urologista.

Sintomas do priapismo ou da doença de Peyronie, por exemplo, são desconhecidos pela maioria da população. Segundo o pesquisador, a principal característica do priapismo é a ereção persistente, prolongada e muitas vezes dolorosa, sem estímulo ou desejo sexual. Pode ocorrer em todas as faixas etárias, inclusive em recém-nascidos, embora a maior incidência seja entre 20 e 50 anos. "A ereção persistente ocorre por uma congestão nos corpos carvernosos, onde entra o sangue", explica.

De causa desconhecida, a doença de Peyronie forma uma espécie de "calo" no pênis, que quando ereto, apresenta uma curvatura anormal. Até há pouco tempo, era considerada rara, entretanto, alguns estudos projetam que cerca de 10% da população masculina desenvolverão a doença, sendo homens entre 40 e 60 anos mais atingidos. "Alguns trabalhos sugerem que traumas durante a penetração podem ser o estímulo para a formação do 'calo' – placa fibrótica –, formado por uma cicatrização errada", explica Sampaio.

Alguns tratamentos para reverter a disfunção erétil são bastante conhecidos, como a injeção intracavernosa de drogas vasoativas, implante de próteses penianas semi-rígidas ou infláveis. E, claro, o medicamento mais conhecido para essa finalidade, o Viagra e seus similares. "Tudo isso representou um avanço excepcional no tratamento da disfunção erétil, ajudando milhares de pacientes", diz Sampaio.

Contudo, o pesquisador lembra que há outros procedimentos e alguns deles são específicos para certas doenças. No tratamento do priapismo, por exemplo, são realizadas lavagens nos corpos cavernosos do pênis com soro fisiológico e com substâncias vasoconstritoras, para impedir a entrada de mais sangue. Nos casos refratários, realizam-se cirurgias de shunts (desvio) cavernoso-esponjoso. Para a doença de Peyronie, a primeira opção é a cirurgia de retificação do pênis, com a retirada do 'calo'. No caso de o paciente perder completamente a ereção, recorre-se à implantação de prótese peniana.

Cabe ressaltar que manter hábitos de vida saudáveis ajuda a prevenir a disfunção erétil. "Os pacientes podem evitar problemas de ereção se mantiverem uma alimentação balanceada, prática regular de exercícios físicos e, sobretudo, evitar o alcoolismo e o tabagismo", diz Sampaio.

Ora visto como símbolo de poder – como no Egito antigo, quando era associado à ideia de santidade –, ora como fonte de todos os males – como na Idade Média, quando mulheres foram acusadas de bruxaria por adoração do pênis –, o órgão sexual masculino exerce, até hoje em dia, um importante papel cultural na civilização ocidental. E, por isso, deformações físicas e funcionais causam tanto preconceito e pudor. A medicina moderna, contudo, já tem saída para a maioria desses problemas. Basta que os interessados saibam onde e como procurar ajuda. Como diz o slogan da primeira Campanha Nacional de Esclarecimento da Saúde do Homem: "trazer os bons momentos de volta só depende de você".

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