Elena Mandarim
Cynthia Tomari/Ascompcerj |
Martha Rocha junto com o presidente da FAPERJ, Ruy Marques, apresentam cartilha no dia do seu lançamento |
Em setembro de 2009, a Polícia Civil do estado criou o Núcleo de Assuntos Estratégicos, que é formado por pesquisadores experientes, vinculados às diversas instituições acadêmicas e, pelo qual, os projetos são elaborados. "Muitos integrantes da corporação têm boas ideias, mas não sabem como transformá-las em projetos viáveis. Então, o núcleo serve, justamente, para avaliar o potencial de uma ideia e, quando viável, transformá-la em projeto", explica Jefferson. "Assim, podemos submeter às agências de fomento para captar os recursos necessários a sua aplicação", complementa.
Jefferson conta que foi assim que surgiu o projeto de criação da cartilha sobre violência contra a mulher. "A parte intelectual e teórica foi desenvolvida pela delegada. Dei forma ao projeto, gerado a partir de dados e da experiência da área de segurança pública, e captei recursos, concedidos pela FAPERJ por meio de um auxílio à pesquisa (APQ1). É um projeto tem como principal característica a divulgação e difusão do conhecimento sobre a violência contra a mulher", diz. De acordo com a delegada Martha Rocha, a meta do projeto é universalizar as informações legais – direitos e deveres –, previstas pela lei Maria da Penha e, ainda, difundir o trabalho das 10 Delegacias Especiais de Atendimento a Mulheres (Deam) do Estado do Rio de Janeiro.
"Nosso objetivo é instruir as mulheres de seus direitos", diz a diretora do DPAM, Martha Rocha. "Para isso, a cartilha traz informações sobre todos os tipos de violência – desde a verbal, passando pela física e sexual, até a própria ameaça de morte –, explicando os procedimentos que devem ser tomados em cada caso", complementa. "Queremos empoderar todas as mulheres, porque, seguras dos seus direitos, elas ficam mais fortes", conclui.
Ilustrada, a cartilha apresenta linguagem simples e direta, tornando as informações compreensíveis a todas as mulheres, principalmente as menos escolarizadas, que mais sofrem com a violência doméstica. "Acredito que conseguimos traduzir os jargões legislativos e, assim, estamos democratizando as informações", diz a delegada. Com isso, em menos de dois meses de vigência, a cartilha já ganhou visibilidade. "Além de solicitada nas delegacias, algumas pessoas têm me pedido autorização para divulgação de seu conteúdo em diversos sites", conta.
Contudo, Martha Rocha ressalta que a cartilha foi pensada para ser uma ferramenta complementar às ações promovidas pela DPAM e, por isso, não será panfletada. "Frequentemente, damos palestras sobre as propostas da Divisão de Atendimento à Mulher, mas sentíamos necessidade de um instrumento que, além de condensar as informações, pudesse continuar nosso trabalho", explica. "Então, a cartilha só é distribuída em conjunto com nossas ações, além de estar disponível para o público feminino em todas as dez Deam", acrescenta.
Cynthia Tomari/Ascompcerj |
Com o auditório lotado, a cartilha foi lançada no dia 30 de março no espaço cultural do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher |
Outras ações
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Inúmeros motivos levam muitas mulheres a não denunciarem seus agressores, como afeto, vergonha, medo. Mas o principal deles, certamente, é a dependência econômica. Por isso, a delegada adianta outra ideia a ser viabilizada em projeto que busca parceria com a Secretaria de Ciência e Tecnologia. "Vamos propor que as unidades da Faetec disponibilizem cursos profissionalizantes para mulheres vítimas de violência, que, assim, poderão entrar no mercado de trabalho e se tornar independentes economicamente", conta.
Outro projeto em andamento é o de criar uma unidade itinerante da Deam dentro de um ônibus, já disponibilizado pela Policia Civil, que percorrerá a cidade levando informações da Divisão de Atendimento às Mulheres, junto com a distribuição das cartilhas. "Vai ser uma delegacia mesmo", entusiasma-se a delegada. Ela explica que a unidade ficará instalada em uma determinada região durante um período, atendendo as denúncias da população local e tomando as medidas cabíveis.
"O acesso às informações disponibilizadas na cartilha é uma importante ferramenta para prevenção e, quem sabe, erradicação da violência contra as mulheres", conclui Martha Rocha. Este novo diálogo entre a população e a máquina do Estado, portanto, vem ao encontro das propostas defendidas há décadas pelo movimento feminista. Assim, como as inúmeras "bandeiras" já conquistadas, espera-se que esta, a erradicação da violência contra as mulheres, seja a próxima vitória.
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