A Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) conquistou o Prêmio Destaque do Ano em Iniciação Científica em 2003, na categoria Mérito Institucional. Com essa premiação, a Uenf, que completou dez anos de criação em agosto, passa a ser considerada a universidade brasileira que melhor prepara seus estudantes para seguir a carreira científica. Instituições de todo o país concorreram ao título, oferecido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O Prêmio Destaque do Ano aponta a instituição que conseguiu o maior percentual de
ex-alunos de iniciação científica concluindo mestrado ou doutorado em programas reconhecidos pela Capes, órgão vinculado ao MEC. Numa escala de zero a 100, baseada no esperado de cada instituição de acordo com a média global apurada pelo sistema, a Uenf obteve o escore 100, informa o assessor de Estatística e Informação o CNPq, Ricardo Lourenço.
O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) do CNPq financia o engajamento de estudantes de todo o Brasil com a pesquisa ainda no período da graduação. O objetivo é precisamente iniciar o estudante no mundo da ciência, estimulando-o a tornar-se um pesquisador. O prêmio conferido pelo CNPq reconhece o êxito de uma estratégia que remonta às origens da Uenf. A FAPERJ também vem apoiando a universidade desde a sua fundação, dia 16 de agosto de 1993.
“Este é o resultado do modelo idealizado por Darcy Ribeiro, que prevê uma simbiose entre a formação de recursos humanos e a geração de conhecimentos. O modelo não estabelece fronteiras rígidas entre graduação e pós-graduação”, explica o explica o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Uenf, Fernando Saboya.
Segundo a professora Maria Cristina Canella Gazotti, coordenadora do Programa de Bolsas de Iniciação Científica da Uenf, a participação em projetos de pesquisa pode mudar o perfil e os horizontes do aluno. “Quando se dedica à iniciação científica, o estudante se desenvolve muito
mais. Fica mais motivado e mais presente à Universidade, estreitando o contato com professores e pós-graduandos. Na verdade, o programa cria a sementinha para que o aluno se interesse por fazer pesquisa.”
Os ganhos para o aluno são basicamente de duas ordens. Por um lado, a assimilação da cultura científica estimula e facilita o aprendizado, contribuindo para melhorar as notas nas disciplinas regulares. Por outro, o estudante se familiariza desde cedo com a redação de trabalhos científicos e com as atividades típicas de um pesquisador, como o manuseio de bancos de dados, buscas bibliográficas, apresentação de seminários e participação em congressos.
Vanessa Pereira de Souza, 20 anos, aluna de Licenciatura em Física, desenvolve o projeto intitulado "A magia da Física", dedicado a tornar mais atraente e dinâmico o ensino da disciplina nas escolas. Quem a orienta é o professor Marcelo de Oliveira Souza, que teve o primeiro contato com Vanessa quando ela ainda cursava o ensino médio no Liceu de Humanidades de Campos. Na ocasião, a estudante - que planejava estudar Biologia - participou do projeto "Jovens Talentos", apoiado pela FAPERJ, voltado para estudantes de escolas públicas, e se interessou pela área de Física. “Sinto que o meu trabalho será útil, e isto aumenta a minha motivação”.
Natural de Campos, Vanessa engrossa uma estatística que acaba de ser levantada na Uenf: 75% de seus alunos, na soma de todos os cursos de graduação, são originários da própria região Norte/Noroeste Fluminense. Cerca de metade dos alunos da graduação vêm de escolas públicas, o que se verifica desde antes das leis de reservas de vagas.
Atualmente, a Uenf mantém mais de 250 alunos com bolsas de Iniciação Científica. A cota de bolsas do CNPq, que era de 33, subiu para 70 em 2002. Outras 140 bolsas são mantidas pela própria Uenf. A estes números se somam dezenas alunos beneficiados pelas chamadas bolsas de balcão, obtidas diretamente por pesquisadores junto a organismos de fomento à pesquisa.
O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Uenf, professor Fernando Saboya, espera que o prêmio sensibilize o CNPq a rever a cota da pós-graduação da Universidade, hoje restrita a 15 bolsas ou 2,5% da demanda. O prêmio também referenda os esforços da Uenf em favor de maior apoio governamental nas questões de infra-estrutura e pessoal, no sentido de o projeto de Darcy
Ribeiro não sofrer retrocessos.
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