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Publicado em: 06/05/2010

ABC dá posse a novos membros

Elena Mandarim

Fotos de Vinicius de A. Faria

Ao lado de Carlos Alberto Aragão (centro) e de      Sergio Rezende, Luiz Davidovich (à esq.) recebe premiação

Na última terça-feira, 4 de maio, a Reunião Magna da Academia Brasileira de Ciência (ABC) lotou o Golden Room do Copacabana Palace. Na ocasião, houve a cerimônia de posse dos novos membros da ABC e a entrega do prêmio Álvaro Alberto de Ciência e Tecnologia, conquistado em 2009 pelo físico e diretor da ABC Luiz Davidovich, que recebeu, sob ovação, diploma, troféu e cheque da Fundação Conrado Wessel (FCW). A premiação conta com patrocínio do CNPq e da FCW.

A cerimônia foi iniciada pela outorga do Prêmio Almirante Álvaro Alberto para a Ciência e Tecnologia, a Davidovich, professor titular do Instituto de Física da UFRJ, Cientista do Nosso Estado da FAPERJ, membro da Academia Brasileira de Ciência, da Academia de Ciências do Mundo em Desenvolvimento (TWAS) e da National Academy of Sciences (USA). Em saudação à Davidovich, o presidente do CNPq e acadêmico Carlos Alberto Aragão de Carvalho, ressaltou que o prêmio é a "maior distinção concedida a um pesquisador pelo CNPq", que também leva o nome do primeiro presidente da instituição, personagem importante da história da Marinha do Brasil. “Luiz Davidovich foi escolhido por unanimidade pela comunidade científica por sua competência e pela profundidade de seus trabalhos, além de sua notável participação nas diretrizes políticas em ciência e tecnologia e em educação", frisou Aragão.

Para apresentar a biografia científica de Davidovich, Aragão convidou o professor emérito do Instituto de Física da UFRJ e acadêmico Moysés Nussenzveig, homenageado de 1995 do prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia e orientador de doutorado e mentor do agraciado. Além de confirmar o papel pioneiro na ótica quântica  latinoamericana e listar outros resultados relevantes em física quântica, Nussenzveig destacou o objetivo de Davidovich em montar um laboratório associado a seu grupo da UFRJ.

"Uma preocupação constante de Luiz tem sido a possibilidade de verificação experimental dos resultados obtidos, que requer instrumentação extremamente elaborada, disponível muitas vezes apenas num punhado de laboratórios no mundo todo", diz. "O objetivo de montar um laboratório associado a seu grupo da UFRJ foi atingido graças ao apoio do Pronex – Programa de Apoio a Núcleos de Excelência, promovido pela FAPERJ em parceria com CNPq, e dos Institutos do Milênio e Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia. Luiz e seus colaboradores conseguiram criar um ambiente de trabalho extremamente produtivo, que vêm formando inúmeros pesquisadores e recebem visitantes de renomados laboratórios do exterior", complementou Nussenzveig.

Ele ressaltou ainda a notável contribuição que Davidovich na área de política científica, educacional e na difusão científica. "Teve importante participação na preparação e difusão do documento da ABC sobre a reforma universitária, que infelizmente não foi aprovada, e enfrenta outro desafio que é a preparação da 4� Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação", acrescentou.

Luiz Davidovich agradeceu o reconhecimento a seu trabalho e falou sobre a premiação, de relevante importância no cenário científico, emocionando-se ao mencionar o privilégio em continuar o trabalho de seus antecessores. “Considero impressionante o patamar alcançado pela jovem ciência brasileira e agrego esse sucesso às ações conjuntas do CNPq, Capes e Fundações de Amparo à Pesquisa nos estados, a exemplo da FAPERJ”, disse, sem deixar de evidenciar algumas dificuldades enfrentadas e os desafios a serem transpassados.

"Apenas 13% dos jovens brasileiros frequentam o ensino superior. E boa parte dos que se formam doutores acabam indo para o exterior, ou seja, sofremos muito com o intenso processo de brain out", desabafa. "O nosso desafio é promover o brain in, não só dos doutores já formados, mas dos milhares de cérebros desperdiçados pela falta de perspectiva da vida nos morros e nas periferias das grandes cidades", idealiza. "Se apenas com o idealismo nada se consegue de prático, imaginem sem essa força propulsora", conclui, citando palavras do próprio almirante Álvaro Alberto.

Nove autoridades compuseram a mesa de abertura: o presidente da ABC Jacob Palis, o ministro de Ciência e Tecnologia e acadêmico Sergio Rezende, o comandante da Marinha Almirante Julio Soares de Moura Neto, o  presidente da Capes e acadêmico Jorge Guimarães,  o presidente do CNPq e  acadêmico Carlos Alberto Aragão de Carvalho, o presidente da Finep, Luis Fernandes, o secretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro Luiz Edmundo da Costa Leite, o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) Marco Antonio Raupp e o presidente da Fundação Conrado Wessel, Américo Fialdini Junior.

 

Novos Membros da ABC

Dando seguimento ao evento, foi iniciada a posse dos novos membros da ABC. Ao todo, foram 27 pesquisadores nomeados, entre permanentes e correspondentes, nas áreas de ciências matemáticas, ciências físicas, ciências químicas, ciências da terra, ciências biológicas, ciências biomédicas, ciências da saúde, ciências agrárias, ciências da engenharia e ciências sociais. O presidente da ABC, Jacob Palis, deu boas-vindas aos 27 novos membros: "Arrisco-me a dizer que esta noite será mágica e receber os novos membros é parte dessa magia". E aproveitou para parabenizar a criação das vice-presidências regionais e seus programas de Jovens Talentos. "As vice-presidências consolidam o trabalho nas regiões e o programa Jovens Talentos tem trazido jovens brilhantes para o nosso convívio", disse.

Diante da mesa de abertura com várias autoridades, foram empossados os novos membros da ABC

Palis aproveitou a oportunidade para pedir que todos os associados à ABC auxiliem a restauração do prédio tombado cedido pelo Governo do Estado para ser a nova sede da ABC. Além disso, ressaltou algumas parcerias, como a firmada entre a ABC e a SBPC, que "atuam unidas em todos os tópicos, sempre visando ao desenvolvimento da ciência brasileira", bem como entre a ABC e FAPERJ, dando o exemplo do simpósio academia-empresa, promovido durante a feira de comemoração dos 30 anos da fundação.

Fechando a cerimônia, o ministro Sergio Rezende disse, em seu breve discurso “que estamos vivendo o momento da ciência". Ele destacou que a "ciência no Brasil é muito jovem e ainda não colheu os frutos para a sociedade, por isso o reconhecimento ainda não é total". Contudo, "os recursos para ciência e tecnologia são os maiores da história e qualquer que seja o próximo governo terá continuidade". Lembrou da importância da 4� conferência da SBPC, a ser realizada entre os dias 26 e 28 deste mês, que "tem como objetivo passar a limpo os feitos da ciência e fazer novas propostas para a evolução da ciência". Em últimas palavras, Rezende parabenizou o físico Luiz Davidovich pelo importante Prêmio Almirante Álvaro Alberto e os novos membros da ABC. "Como acadêmico, gostaria de dizer aos novos membros que é uma grande honra para a ABC receber todos vocês."

Representando os antigos membros, o acadêmico Horacio Schneider, da Universidade Federal do Pará, abriu sua fala saudando as 27 "personalidades importantes" que aumentarão o prestígio da ABC. Ao falar sobre o abismo científico entre Nordeste e Sudeste, convidou a todos para trabalharem em conjunto para diminuir essas desigualdades. Falando em nome dos novos membros, Thaisa Storchi Bergmann agradeceu aos pares pela nomeação e votação. "É um reconhecimento ao nosso trabalho." E não se furtou de ressaltar que a participação feminina na ciência ainda é baixa e de frisar que, apesar do grande destaque brasileiro nas áreas médicas, há outras pouco desenvolvidas.