Danielle Kiffer
Fotos de Divulgação |
Palmeiras juçara: na Serrinha do Alambari, em terrenos parceiros |
O juçaí foi descoberto por acaso. Em seu sítio, na Serrinha, George Braile começou a observar que jacus e tucanos sempre apareciam em bandos para se alimentar dos frutos da juçara, muito parecidos com o açaí, que rende cerca de 2 mil e 500 frutas por árvore, especialmente entre maio e agosto. “Fiquei instigado com aquilo, colhi alguns frutos e tentei despolpar em alguns equipamentos experimentais. Depois de algumas tentativas pesquisando o processo artesanal de despolpamento do açaí do norte, adotei a mesma metodologia. Foi assim que descobri que já havia alguns projetos em São Paulo e Santa Catarina com a mesma fruta. Visitei praticamente todos os projetos existentes no Brasil para me instruir a respeito de tudo o que pudesse sobre o juçaí”, conta o empresário.
Além de aprender sobre o procedimento correto de colheita e do despolpamento do fruto da juçara, George também passou a conhecer as pesquisas científicas feitas sobre as propriedades nutricionais da fruta. Além do Ital, a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), entre outras instituições, comprovaram cientificamente as propriedades nutritivas do fruto da juçara.
Depois de esmagados e peneirados, sobram os rejeitos dos frutos da juçara para germinação e o juçaí para consumir |
De acordo com o empresário, para os habitantes da área, além de ecologicamente correto, é muito mais lucrativa a exploração da juçara para a colheita do fruto do que para a retirada do palmito. “Cada juçara cortada ilegalmente para a venda do palmito rende ao indivíduo, aproximadamente, R$ 6, mas a árvore é derrubada. Já a coleta dos frutos pode render ao colhedor até R$ 8 e ao proprietário da terra onde a juçara está plantada até R$ 2 por árvore. Com a vantagem que a árvore permanece”, quantifica. A venda da polpa para lojas e para a indústria de sucos para exportação pode gerar ainda um maior lucro para produtores e colhedores, ampliando e fortalecendo ainda mais o projeto, que reforça a preservação da juçara, ainda em extinção. “A comunidade já recebeu o treinamento necessário tanto para a execução correta da colheita quanto para o processo de despolpamento”.
O próximo passo do projeto, além da comercialização do produto, é a geração de sementes germinadas para serem distribuídas aos proprietários de fazendas. Isso ajudará na propagação da palmeira. Segundo o empresário, depois de despolpadas, as sementes devem ser colocadas à sombra e regadas diariamente. “Neste primeiro ano, pretendemos gerar cerca de 500 mil sementes. No ano que vem, 2011, pretendemos pular para cinco milhões. Para isso, estamos treinando pessoas interessadas no processo”, conclui.
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