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Publicado em: 31/03/2010
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Simpósio marca a aproximação entre a academia e o setor empresarial


Débora Motta

Vinicius Zepeda 

       
       Ruy Marques destacou inovação gerada pela 
      inter-relação da academia e do setor empresarial
 
A relação entre as universidades e o setor empresarial foi destaque durante o evento realizado no Museu de Arte Moderna (MAM) e que deu início à celebração dos 30 anos de atividades da FAPERJ, a se completar no próximo dia 26 de junho. O simpósio Academia-Empresa, que apresentou na quarta e na quinta-feira uma série de palestras com o tema "Inovação: histórias de sucesso com foco no Estado do Rio de Janeiro", apontou a necessidade de uma maior articulação entre os setores industrial e acadêmico como alternativa para incrementar os investimentos na área de Ciência e Tecnologia.

Durante a abertura do simpósio – organizado pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) e pela Fundação, com o apoio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) –, o presidente da ABC, Jacob Palis, assinalou a relevância do encontro. "É importante para o País que a nossa indústria tenha sentido de inovação em sua produção e, para isso, estabelecer parceria com a ciência é fundamental", disse o matemático, acrescentando que a intenção da ABC é expandir esse debate para outros estados.

A atuação da FAPERJ para fomentar a inter-relação entre academia e empresa em âmbito estadual foi destacada pelo presidente da Fundação, Ruy Garcia Marques. "Temos buscado essa inter-relação entre academia e empresa. Muitos projetos em exposição na Feira FAPERJ 30 Anos envolvem parcerias entre as microempresas e o setor científico e tecnológico. É desse diálogo que precisamos para atingir a inovação em todos os níveis", ponderou.

Para o secretário estadual de C&T Alexandre Cardoso, o simpósio é um passo importante para estimular essa "tão sonhada" integração. "Temos no país um cenário animador nesse sentido, mas muito há que ser feito para estimular a relação entre academia e empresa. Na hora em que a academia der a mão à empresa, o resultado será o aumento da verba de pesquisa e da qualidade de vida do homem", disse, lembrando que as universidades devem discutir mais abertamente a questão das patentes, que assume papel relevante nessa relação com o meio empresarial. "A universidade tem que ter royalties de pesquisa aplicada".

Parcerias de sucesso

O engenheiro químico Fernando Baratelli, do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes/Petrobras) – localizado no campus do Fundão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) –, contou que a relação custo/benefício das parcerias da empresa com a academia é positiva. "A Petrobras tem um retorno de 7,5 dólares para cada dólar investido em pesquisa e desenvolvimento", informou. "Acreditamos que a inovação depende da capacitação de recursos humanos, de investimentos em pesquisa e desenvolvimento e de um sistema integrado de gestão tecnológica. As idéias para superar os desafios vêm da universidade".

O diretor de Relações Internacionais da Vale Soluções em Energia (VSE), Gilberto Rigobello, afirmou que o objetivo da empresa não é verticalizar o processo de conhecimento, mas buscar as competências nos centros de excelência acadêmica mais próximos do seu campo produtivo. "Um exemplo disso é o nosso intercâmbio com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Implementamos nesse instituto um curso de mestrado profissional em turbinas a gás e de especialização em motores, com a intenção de formar recursos humanos que poderão ser aproveitados pela empresa. Também equipamos alguns laboratórios e apoiamos a ampliação das instalações do ITA", disse.

A palestra do presidente da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Carlos Ivan Simonsen Leal, apontou as falhas na gestão de processos para a aplicação das tecnologias como um gargalo a ser superado rumo ao desenvolvimento da C&T no Brasil. "Quando se fala em tecnologia todos pensam em um novo aparelho ou técnica. Mas existe outro conjunto de tecnologias mais sutis, que fazem expandir a fronteira de produção, e que ainda é insuficiente nas grandes organizações do país: a organização racional do trabalho de gente bem treinada, para ter uma produtividade máxima focada em prazos e metas".

O diretor do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz), Hayne Felipe, citou a bem-sucedida parceria da instituição com o Consórcio CNG, formado pelos laboratórios Cristália Produtos Químicos Farmacêuticos, Nortec Química e Globe Química, para a fabricação do Efavirenz. A iniciativa possibilita a produção nacional do medicamento, utilizado para o tratamento do vírus HIV. "As empresas assumiram o compromisso de fornecer 15 toneladas do insumo farmacêutico ativo do antirretroviral e a Farmanguinhos ficou com a responsabilidade pela produção".

O físico Luiz Pinguelli Rosa, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ), enumerou diversas parcerias que a Coppe tem com o setor produtivo, entre elas com a Petrobras, Eletrobrás, MPX, Light, Vale, OGX e a Brasken. Apesar do entrosamento da instituição com a indústria em diversas áreas da engenharia, desenvolvendo projetos em áreas como exploração de petróleo offshore voltada para o pré-sal e mudanças climáticas, ele acredita que a cultura do empreendedorismo ainda é escassa. "É difícil convencer o empresário a apostar em um projeto científico inovador. Falta uma política de desenvolvimento industrial", disse.

O presidente do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), João Jornada, ressaltou o papel do empreendedor como agente do processo de inovação, para além da atuação do cientista. "Não existe um modelo linear, em que basta investir na ciência para gerar, consequentemente, inovação tecnológica, produto e desenvolvimento. A comunidade científica deve planejar a inovação levando em conta a demanda do mercado".

Já o cineasta e editor da revista Piauí, João Moreira Salles, criticou a segmentação do modelo educacional entre as formações humanística e científica. "Há uma deformação na cultura brasileira. Simbolicamente, as ciências não são tão valorizadas como algumas profissões da área de humanas, mais frequentemente associadas à intelectualidade, como jornalista e designer", defendeu, lembrando que as humanas têm mais apelo do que as ditas ciências "duras" junto aos jovens na hora da decisão de suas carreiras, apesar do mercado estar saturado em algumas áreas, como em cinema.

"Não existe o fetiche da ciência no Brasil enquanto profissão. Somos o país como maior número de cineastas e estilistas per capita. Será que precisamos mais desses profissionais do que de cientistas?", questionou, justificando esse desequilíbrio em parte pela falta de comunicação dos cientistas com o grande público – o que torna a ciência mais hermética –, pela ausência de políticas públicas para a popularização da C&T e por um desinteresse dos profissionais de humanas em entender as ciências, consideradas ininteligíveis por muitos.

Também foram palestrantes do simpósio o vice-presidente do Itaú/Unibanco e ex-diretor do Banco Central no governo Fernando Henrique Cardoso, Sergio Werlang, o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Odair Dias Gonçalves, e o diretor de Comercialização e Regulação da MPX Energia, Xisto Vieira Filho.

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