Vilma Homero
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Na peça de André Parente, exposta na mostra Tempo-Matéria, a imagem da paisagem externa brinca com os limites físicos do MAC |
A exposição Tempo-Matéria já é um desdobramento do projeto do curador. Mas até chegar a esse resultado, houve um processo, também devidamente registrado. "De início, tivemos cinco encontros, no ateliê de cada um dos artistas, em que cada um deles falou de suas ideias e como era seu processo de criação. Depois, tivemos uma mesa-redonda no Parque Lage, em que apresentamos todas essas ideias ao público. Nossa intenção foi desfazer os limites entre artistas e teóricos e apresentar também a questão da arte enquanto processo. Tanto que fizemos outros cinco encontros, nos ateliês, já com a obra em andamento, e uma última reunião está prevista para acontecer durante a mostra no MAC. Será uma mesa-redonda que, além dos artistas, terá a participação de Guilherme Bueno, diretor do MAC, Rogério Luz e o próprio pesquisador. Na ocasião, novamente serão discutidos aspectos artísticos e teóricos", explicou Costa.
Para o curador, Tempo-Matéria é tanto exposição quanto projeto de pesquisa. E também deu origem ao livro-catálogo, que será lançado durante a mesa-redonda programada para o MAC. "Ao mesmo tempo em que traz a pesquisa acadêmica para o espaço do museu, também reintroduz na universidade o experimentalismo próprio das atividades da arte contemporânea. Não foi por acaso que também pesou na escolha de Costa o fato de que os artistas participantes da mostra – Ricardo Basbaum, Leila Dazinger, Malu Fatorelli, André Parente e Lívia Flores – são pesquisadores envolvidos em atividades de ensino e pesquisa. Alguns do Instituto de Artes, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), e outros da Escola de Comunicação, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Entre os cinco artistas – que apresentam trabalhos em materiais e procedimentos diversos – tempo e efemeridade são vistos de formas bastante distintas. A única constante é o recurso do vídeo, que serve como elemento de ligação entre as cinco instalações, sua poética e o espaço do museu. No museu, aliás, cada um deles conta com dois espaços para expor: um interno, no salão principal, e seu equivalente no corredor externo a esse salão. Malu Fatorelli, por exemplo, apresenta, do lado interno, uma mesa com uma imagem de um relógio de sol, em que cada hora é marcada por uma chave. Detalhe: as chaves, na verdade, são formadas pelo skyline de fotos da Pedra da Gávea e dos edifícios à volta, tiradas pela artista plástica do centro da Lagoa Rodrigo de Freitas. Do lado de fora, um vídeo mostra ao público como se desenrolou o processo de execução da obra. Já André Parente, faz, em Belvedere, a projeção da paisagem externa ao museu, criando a ilusão de que a parede do museu foi retirada.
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Na obra de Fatorelli, a sombra das chaves projeta |
Mas antes mesmo da abertura da exposição, Costa estará fazendo, dia 15 de março, o lançamento do livro Dispositivos de Registro na Arte Contemporânea. O assunto? Costa coloca no ar a pergunta se os registros da arte processual não seriam também peças de arte. "A pesquisa é voltada para o registro de obras efêmeras, em fotografias, filmes e vídeos. E nela se coloca a questão: será o registro uma obra em si ou apenas um documento da obra? No livro, isso é discutido em diversos artigos, por diferentes autores, que abordam variados aspectos da questão, nem sempre com visões semelhantes.
"Embora existam artistas que rejeitam o registro enquanto arte em si, para mim, ele é as duas coisas. Ou seja, tanto é obra – ou um dos múltiplos da obra – quanto documento, o que me leva a voltar a pensar nas duas vocações sobre efemeridade da obra de arte. De certa forma, tanto exposição quanto livro são reflexões a partir de uma mesma questão", conclui.
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