Débora Motta
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Traçar o perfil do mel fluminense é necessário para estabelecer um padrão de qualidade para o produto |
Para estimular o potencial de desenvolvimento no setor, um projeto de inovação que envolve uma parceria entre a Universidade Federal Fluminense (UFF) e associações de apicultores do estado do Rio de Janeiro está traçando o perfil do mel fluminense. A partir do diagnóstico de suas características, será possível estabelecer parâmetros específicos para o controle da qualidade do produto e, assim, facilitar a sua comercialização no mercado nacional e internacional.
"O objetivo da pesquisa é avaliar os méis produzidos em diferentes regiões do estado do Rio de Janeiro por meio de análises sensoriais, microbiológicas, polínicas e físico-químicas", explica a professora Mônica Queiroz, da Faculdade de Veterinária da UFF, que recebe apoio da FAPERJ por meio do programa Jovem Cientista do Nosso Estado. "A iniciativa visa valorizar a apicultura estadual e consequentemente a nacional, incentivando o seu crescimento, diretamente relacionado ao incremento dos setores envolvidos e do volume da produção", completa a doutora em Ciência e Tecnologia dos Alimentos pela Universidade Federal de Viçosa (UFV).
As amostras de mel avaliadas pelo projeto são originárias de sete regiões do estado: Metropolitana, Noroeste Fluminense, Norte Fluminense, Baixada Litorânea, Médio Paraíba, Centro-Sul Fluminense e Serrana – descartando a região da Costa Verde. As regiões foram escolhidas de acordo com os critérios do Censo Apícola de 2005, realizado pela Secretaria de Estado de Agricultura, Abastecimento, Pesca e Desenvolvimento do Interior do Estado do Rio de Janeiro.
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Apicultor coleta mel: produção do alimento no estado é realizada principalmente por pequenos produtores |
Etapas da avaliação do mel
O aroma, o paladar, a coloração, a viscosidade e as propriedades medicinais do mel estão diretamente relacionados com a fonte de néctar que o originou e também com a espécie de abelha que o produziu, além do clima. A primeira fase do estudo, em andamento, é a avaliação físico-química. Estão sendo analisadas amostras de mel de diferentes floradas dessas regiões, coletadas durante o período de um ano, no Laboratório de Controle Físico-Químico de Produtos de Origem Animal da Faculdade de Medicina Veterinária da UFF.
"Nessa etapa, estão sendo avaliadas características físico-químicas, como o pH, a umidade, a acidez, as cinzas, a cor, os glicídios redutores em glicose e os não redutores em sacarose, e a viscosidade. A preocupação é garantir que o mel utilizado no estudo seja realmente puro, já que muitos produtores misturam o produto original com melado para render mais", conta.
A segunda etapa será a análise polínica dos méis, necessária para definir e garantir sua origem botânica e suas propriedades. "Esta análise tem como objetivo reconhecer os tipos polínicos encontrados nas amostras e, a partir deles, chegar às espécies vegetais que os produziram, bem como à vegetação de interesse apícola ao redor de um apiário", diz Mônica.
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Apis mellifera: no Brasil, espécie produtora mais comum é resultado de cruzamento entre abelhas europeias e africanas |
Uma análise sensorial dos méis coletados será realizada a partir do segundo semestre, além de análises estatísticas. O projeto vai oferecer qualificação específica para formar uma equipe de cerca de 50 degustadores de mel. "Na área sensorial de mel, não há muitos profissionais especializados no mercado fluminense", pondera Mônica, lembrando que a principal espécie de abelha produtora é a Apis mellifera. "No caso brasileiro, a espécie mais comum é um híbrido entre abelhas europeias e africanas."
Para Mônica, criar um padrão de qualidade para as floradas do Rio de Janeiro – que variam em função da estação do ano e da localização – vai viabilizar a criação de um selo de qualidade para o mel produzido no estado. "Será o primeiro passo para exigir do produtor um padrão específico para cada florada do nosso estado. Com isso, vamos agregar bastante valor ao produto e incrementar a exportação do mel fluminense para o mundo", conclui.
A equipe que trabalha no projeto coordenado por Mônica é a mestranda Laís Buriti de Barros (coleta das amostras, realização das análises sensoriais, físico-químicas, microbiológicas, preparo das lâminas para realização da análise palinológica, organização dos dados e divulgação dos resultados); a aluna de graduação e integrante do Programa de Incentivo a Bolsa de Iniciação Científica Fernanda Romano Torres (realização das análises sensoriais, físico-químicas e microbiológicas); Laerte da Cunha Azeredo (co-orientação do trabalho); Ortrud Monika Barth (realização das análises polínicas) e Eliane Teixeira Mársico (supervisão das análises físico-químicas).
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