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Publicado em: 15/10/2003
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Prêmio Nobel de Química elogia o Brasil em passagem pelo Rio

Convidado a participar do V Congresso Ibero-Americano de Biofísica, encerrado nesta quarta-feira, dia 15 de outubro, no Hotel Glória, no Rio de Janeiro, o americano Peter Agre fez questão de manter o compromisso assumido com os organizadores do evento – mesmo tendo ganhado um Prêmio Nobel de Química na semana anterior. Depois de sua palestra, com certeza uma das mais aguardadas do Congresso, Agre concedeu descontraída entrevista coletiva à imprensa. O evento teve o apoio da FAPERJ.

 

“Deve ter mais de mil e-mails me esperando na minha caixa postal, mas não podia deixar de estar de volta a este país maravilhoso”, disse um sorridente Agre. No último dia 8, o pesquisador dividiu o prêmio Nobel, outorgado pela Real Academia de Ciências da Suécia, com outro americano, Roderick MacKinnon.

 

Aos 54 anos, Agre, que é professor de Bioquímica da Universidade de Medicina Johns Hopkins, em Baltimore, na costa leste dos Estados Unidos, foi agraciado com o prêmio por ter descoberto o “aquaporin-1”, a primeira proteína conhecida capaz de facilitar os movimentos da água através de uma membrana biológica. A descoberta é considerada fundamental para a compreensão de doenças diversas que afetam órgãos como o rim e o pulmão. “Ainda temos um longo caminho pela frente, mas os avanços na descoberta da estrutura da célula abrirão, no futuro, enormes possibilidades para a produção de fármacos que terão importância capital no combate a doenças”, disse, procurando relativizar a importância de suas pesquisas.           

 

Perguntado se para os países em desenvolvimento é mais importante investir em educação ou em ciência, Agre citou o exemplo de Cuba para lembrar um caso de sucesso na educação e na saúde de um país com poucos recursos. “Meus pais foram professores e acho que a educação ainda merece vir em primeiro lugar. Mas a ciência e a pesquisa não devem vir muito atrás”, frisou.  Sobre o desenvolvimento da pesquisa no Brasil, Agre foi taxativo: “Este país possui uma quantidade expressiva de cientistas de enorme talento e potencial. O presidente Lula prometeu dobrar os recursos destinados à pesquisa durante seu governo. Esperemos que cumpra a sua promessa e leve o Brasil a novos horizontes nas pesquisas na área de ciência”. O americano lembrou que os Estados Unidos possuem excelentes laboratórios e que os brasileiros são bem-vindos para trocar informações com os colegas americanos. “Mas é essencial que o Brasil possa ter seus próprios laboratórios de pesquisa.”

 

Dizendo-se preocupado com os resultados para a ciência da campanha contra o terror em curso nos Estados Unidos, o laureado afirmou que é preciso estabelecer limites nos procedimentos de segurança interna que vêm sendo adotados no país. Na opinião de Agre, o combate ao bioterrorismo é importante, mas a pesquisa para a cura de doenças é essencial. “O exagero na repressão irá afastar os jovens da ciência e dos laboratórios se amanhã cientistas forem detidos para investigação e colocados sob suspeita simplesmente por manipular materiais que poderiam ser eventualmente utilizados em caso de guerra biológica”.

 

Agre lembrou que pesquisadores estrangeiros vêm, ultimamente, enfrentando dificuldades para entrar nos Estados Unidos, e que amostras enviadas de fora do país têm esbarrado nos serviços de alfândega. “Eu me recuso a viver com medo”, disse.

 

Ao falar sobre a Amazônia, o pesquisador, nascido em Northfield, no estado de Minnesota, reconheceu que a região reúne uma vasta variedade de espécies animais e vegetais. “É de fato um ambiente natural muito rico”, disse Agre, ressaltando, porém, que a diversidade da floresta é finita. “Muitas das proteínas encontradas na natureza parecem ser as mesmas do nosso corpo”, disse o cientista, deixando no ar a idéia de que as pesquisas em células humanas podem ir bem mais longe e ajudar na cura de doenças.       

 

Apaixonado por futebol, a ponto de citar alguns clubes de futebol do Rio em conversa informal com os jornalistas, Agre lembrou que a água estará no centro de algumas das principais disputas no futuro. “Mesmo num país desenvolvido como os Estados Unidos, em algumas cidades como Phoenix, no Arizona, já há locais em que a água chega em quantidades insuficientes para atender à população. “A água é o líquido da vida”, disse o descobridor do “aquaporin-1” – alguém que sabe bem do que está falando.

 

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