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Publicado em: 08/04/2009
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Aquíferos são boa alternativa para o futuro do abastecimento de água

Vilma Homero

  Fotos de Divulgação/UFRJ

 
             Mapa de Unidades Hidrogeológicas da Bacia da região de Resende

Ainda pouco conhecidos e utilizados, os aquíferos fluminenses têm potencial promissor e podem servir como alternativa para o abastecimento de água das próximas gerações. Mas como, apesar de renováveis, trata-se de fonte limitada de recursos, os especialistas alertam para a necessidade de regulamentar e limitar seu uso. "Apesar de apresentarem um importante potencial hidrológico, nossos aquíferos serão sempre coadjuvantes, em termos de suprimento da demanda hídrica do estado do Rio de Janeiro", alertam os geólogos Claudio Limeira Mello e Gerson Cardoso da Silva Jr, do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Eles dividem a responsabilidade pelo projeto "Aquíferos Sedimentares da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul – caracterização estratigráfica aplicada à avaliação do potencial hídrico", contemplado pelo edital Prioridade Rio, da FAPERJ.

A pesquisa pretende avaliar o funcionamento hidrogeológico dos terrenos sedimentares ao longo da bacia do Paraíba do Sul e sugerir formas de gestão e de proteção a esses mananciais de águas subterrâneas. Para isso, os pesquisadores também avaliam os dados, informações e análises sobre o potencial hídrico do estado. "Existem três tipos de aqüíferos. Nos aquíferos cristalinos, ou fissurais, a água das chuvas se infiltra e acumula nas fraturas das rochas. É o tipo que predomina em nosso estado, mas não forma armazenamento volumoso. Nos aquíferos livres, a água fica retida nas camadas sedimentares superficiais. É o que acontece nas baixadas de Sepetiba, da Guabanara e nas regiões costeiras fluminenses. Também não constituem grandes reservas e correm o risco de contaminação ambiental e pelas águas do mar. Nos aquíferos sedimentares confinados, mais profundos, a água permanece armazenada sob camadas de rochas menos permeáveis", explica Limeira.

Ao contrário de São Paulo, onde predominam as regiões de material sedimentar, no caso do Rio de Janeiro, embora a maior parte da composição geológica seja formada por rochas cristalinas – e, portanto, menos permeáveis –, estas são bastante fraturadas, permitindo que a água se infiltre e seja armazenada nestas fissuras. "Nossa pesquisa, no entanto, se limita às bacias sedimentares na área da bacia do Paraíba do Sul, rio que atravessa todo o estado do Rio de Janeiro. Assim, estamos estudando as bacias de Resende, Volta Redonda e Campos", explicam os pesquisadores.

São reservatórios ainda bem pouco explorados. Apenas uma pequena parte dos municípios do estado são abastecidos com águas subterrâneas, entre eles São Francisco de Itabapoana, exclusivamente abastecido desta forma pela carência de recursos hídricos superficiais. A grande maioria dos municípios do interior tem a maior parte de seu abastecimento nos rios da região. "Na cidade do Rio de Janeiro, 98% do consumo é de água de superfície, e há razões para isso. Além da tradição em concentrar o abastecimento em águas de superfície, a razão geológica é que não há aquífero na área capaz de suprir uma demanda tão grande como a de uma cidade como o Rio", fala Gerson. Considerando, porém, o crescimento das populações e a demanda sempre crescente, fontes coadjuvantes de abastecimento serão uma boa alternativa para enfrentar o aumento no consumo e períodos emergenciais.

       

   Composição de rochas semelhante às encontradas nos 
   aquíferos sedimentares estudados pelos geólogos da UFRJ 

O projeto teve início, algum tempo atrás, no estudo da bacia de Resende, onde se localiza importante pólo industrial do estado e o uso de águas subterrâneas já é grande, especialmente pelas fábricas. "A área é geologicamente favorável. Os resultados nos animaram a ampliar as pesquisas para regiões geologicamente semelhantes, como Volta Redonda e Campos, onde estudos já existentes também mostravam a potencialidade local", diz Limeira.

Usando metodologia semelhante à empregada nas pesquisas de petróleo, e com base nos mapas da malha de poços de cada uma das áreas analisadas, cadastrados no Instituto Estadual do Ambiente (Inea), os pesquisadores vêm analisando dados detalhados da geologia e da hidráulica das diversas regiões do estado. Por enquanto, os melhores resultados foram o do aquífero Emborê, na região de Campos. "Até agora, é o melhor do estado, com o maior volume hídrico e melhores condições de recarga", avalia Gerson. Ele explica ainda que, apesar da proximidade com o litoral, trata-se de um aquífero profundo e jorrante. Ou seja, flui até a superfície sem necessidade de bombeamento. "E a qualidade da água é excelente", acrescenta. Em Resende, as águas subterrâneas, que estão em menor profundidade, também são de qualidade e têm boa vazão. "O fato de se acumularem em pouca profundidade também contribuiu para que venham sendo bastante utilizadas pelas indústrias instaladas na região", fala Limeira. Ele diz ainda que os dados e informações da área estão sendo cruzados para que se possa avaliar o impacto do consumo industrial e doméstico sobre o nível do reservatório.

Nem todos os aquíferos, no entanto, são tão promissores. No de Barreiras, as águas apresentam altos teores de ferro, prejudicando sua potabilidade. Além disso, as vazões são baixas. No que abrange a área de Volta Redonda, os resultados também não foram tão bons, embora a equipe ainda esteja analisando outros mananciais, que podem se revelar de boa qualidade. "No geral, podemos dizer que, no futuro, os aqüíferos fluminenses podem ser uma boa alternativa para o abastecimento hídrico, considerando-se as ressalvas já feitas."

Entre os cuidados que sempre é preciso avaliar, está o balanço hídrico do aquífero. O que significa a diferença entre o consumo e a recarga natural que o realimenta. Essa recarga é feita pela água das chuvas, que penetra pelas áreas de solo mais permeáveis e tende a se acumular nas camadas subterrâneas, reabastecendo-os. "Em certas regiões, de áreas de recarga mais extensas, esses mananciais se reconstituem mais rapidamente. Mas é preciso controlar o consumo, evitar que se furem poços indiscriminadamente, para não reduzir sua capacidade além da possibilidade de recarga", diz Gerson.

O pesquisador explica ainda que, em geral, os aquíferos, em especial os mais profundos, são naturalmente mais protegidos da contaminação industrial ou por rejeitos domésticos. "Embora os rios fiquem poluídos, esse material contaminante dificilmente chega a atingir o aquífero. Parte dele é levada pelas águas e a parte que se deposita no leito do rio vai sendo lentamente filtrada ou fixada pela camada de rocha acima do reservatório, atenuando o impacto", esclarece. Risco maior são os depósitos de rejeitos industriais que, tempos atrás, eram simplesmente abandonados nos pátios das fábricas ou descartados em locais despovoados. Com o tempo, esse material, infiltrando-se pelas rochas, terminava impactando o aquífero.

Além de atualizar o conhecimento sobre o potencial hídrico fluminense, a pesquisa de Gerson e Limeira também contribui para que se tomem medidas de proteção e remediação aos nossos mananciais subterrâneos. "Conhecendo melhor esses reservatórios, temos condições de avaliar suas possibilidades de uso no abastecimento e as formas de protegê-los", resumem.

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