O Instituto Virtual de Fármacos do Estado do Rio de Janeiro, coordenado pela FAPERJ, foi lançado nesta sexta-feira, 3 de outubro, em workshop no Centro de Convenções da FIRJAN, no Centro do Rio. O IVF concentra grupos de excelência nas áreas de medicina, química, produtos naturais, farmacologia e toxicologia, entre outras, com o objetivo de potencializar o conhecimento e a capacidade instalada que hoje existem no estado.
Além de desenvolver novos fármacos, o objetivo do IVF é identificar quais medicamentos têm patente vencida ou a vencer, de modo a possibilitar criação de um esquema de produção e, em conseqüência, reduzir importações. “Nossos químicos podem construir moléculas novas, iguais ou melhores do que as existentes”, afirmou o professor Eliezer Barreiro, coordenador do IVF e do Laboratório de Avaliação e Síntese de Substâncias Bioativas (LASSBio) da UFRJ.
Entre os fármacos apontados como estratégicos estão os anticonvulsivantes e os analgésicos – baratos e simples de produzir. A pesquisa em micoquímica (compostos à base de fungos) também é considerada estratégica por José Figueroa Villar, do IME-RJ, já que esse campo pode gerar novos antibióticos para substituir aqueles aos quais as bactérias de tornaram resistentes.
Política estratégica
Institutos Virtuais são o formato dado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, através da FAPERJ, à política estratégica que visa a potencializar o conhecimento e a infra-estrutura existentes no Rio de Janeiro com o objetivo de criar bens e produtos voltados para as necessidades da sociedade.
Presente à abertura do workshop do IVF, o secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, Fernando Peregrino, ressaltou que é preciso que se definam metas que possam ser realizadas. O coordenador dos Institutos Virtuais, professor Francisco Carlos, destacou que o país – especialmente o Rio de Janeiro – está voltado para a inovação e que os IVs atendem a este perfil, uma vez que representam a capacidade científica consolidada nas suas áreas.
“Vamos realizar produtos tangíveis, que possam ser vistos pela população. Instituto Virtual é um nome fantasia para dar visibilidade a uma ação, como a inovação dos fármacos. Os empresários devem estar dispostos a fazer um casamento virtuoso com a universidade”, ressaltou Peregrino. O nome “Virtual” aponta que os institutos não terão sede; funcionarão em forma de reuniões, workshops e publicações. A janela para a sociedade será um portal que reunirá os sites de cada um dos institutos.
No caso do Instituto Virtual de Fármacos, os principais objetivos são:
O secretário Peregrino frisou que, cada vez mais, os investimentos devem ser feitos na direção dos interesses do Brasil e não de forma pulverizada. “A palavra inovação foi acrescentada pela governadora Rosinha não como retórica, mas como destino. É preciso transformar o conhecimento em riqueza e produtos voltados para toda a sociedade”, disse o secretário.
De acordo com o professor Eliezer Barreiro, os fármacos são exemplo de aplicação de ciência básica em benefícios da sociedade. “Vamos azeitar estradas para que o conhecimento básico chegue às prateleiras. Temos uma produção científica invejável, mas não sabemos proteger as invenções e nem prever seu impacto. Somos incipientes na cultura de patentes, o que é um desafio a ser superado”, disse.
Peregrino acrescentou que se, necessário, a FAPERJ irá canalizar recursos para que as empresas produzam as inovações propostas pelo Instituto Virtual de Fármacos. Outro papel da Fundação será promover a criação de um sistema para facilitar o patenteamento das invenções.
O diretor-científico da FAPERJ, Jerson Lima destacou a importância de se valorizar o sistema de C&T do Rio de Janeiro. “Graças ao crescente investimento em formação de recursos humanos nos últimos dez a 15 anos, com bolsas como as do programa de cursos emergentes, o Rio de Janeiro tem hoje uma produção científica impressionante”.
Segundo Lima, reunir pesquisadores, empresas públicas e privadas no esforço de produzir fármacos para atender ao mercado é um exemplo de como uma agência de fomento pode ter ação de Estado. De acordo com Lima, que é médico, há um mercado enorme para fármacos preventivos.
Parcerias preciosas
O presidente da Fiocruz, Paulo Buss, parabenizou Peregrino pela iniciativa dos Institutos Virtuais. “O IVF vai cumprir a vocação do estado para a inovação”, disse. Ele informou que a Fiocruz vai quadruplicar sua produção de medicamentos e fármacos a partir de parcerias com a iniciativa privada e destacou a vocação nacional para o mercado de produtos naturais e bioinseticidas. “Na próxima semana vamos assinar acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, o Museu Emilio Goeldi, o Instituto de Patologias da Amazônia e centros militares de pesquisa e traremos para o IVF essa contribuição da etnobotânica”, anunciou.
O reitor da Uenf, Raimundo Braz, contou que a universidade vai contribuir para o IVF através de seu Laboratório de Ciências Químicas, que desenvolve pesquisas sobre síntese orgânica e produtos naturais. Ele acrescentou que a Uenf acaba de abrir um mestrado em Ciências Naturais com laboratórios de Química e Física, para formar profissionais interdisciplinares.
O professor Renato Balão Cordeiro, diretor do Instituto Oswaldo Cruz, também se mostrou entusiasmado com o projeto do IVF e afirmou que o instituto representa um salto de tecnologia e inovação.
Carlos Fernando Gross, vice-presidente da Firjan e presidente do sindicato que reúne a indústria farmacêutica, disse que espera que haja uma interface dessa “indústria polêmica” com os governos federal e estadual. Segundo Gross, entre os setores de ponta nacionais, o farmacêutico é o que mais investe em pesquisa. A seu ver, é importante fortalecer o tripé academia-governo-laboratórios (nacionais e multinacionais).
Provisoriamente, o site do Instituto Virtual de Fármacos, ainda em fase de testes, está em www.cupula.com.br/ivfarmacos
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