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Publicado em: 18/12/2008
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Poluição do ar: ameaça invisível para a saúde no Rio

Débora Motta

 

                                                        Antonio Ponce de Leon

   
   Poluição atmosférica envolve o estádio do Maracanã
O Rio de Janeiro é conhecido mundialmente por sua natureza exuberante. Praias, morros, lagoas e até uma floresta situada no coração da cidade – a da Tijuca, considerada a maior floresta urbana do mundo –, são elementos naturais que reforçam a impressão de que a metrópole ainda oferece uma boa qualidade do ar a seus habitantes, apesar da destruição gradual do meio ambiente. Ledo engano. A investigação dos efeitos agudos da poluição atmosférica na saúde dos cariocas é tema da pesquisa As dinâmicas espacial e temporal dos efeitos da poluição do ar na saúde pública: estudos sobre o município, a região metropolitana, o estado do Rio de Janeiro e outros grandes centros urbanos, que Antonio Ponce de Leon, do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), desenvolve com o apoio da FAPERJ, por meio do edital Cientistas do Nosso Estado.

 

De acordo com uma observação surpreendente do estudo, os efeitos negativos da poluição do ar para a saúde dos cariocas são mais graves do que para os paulistanos. “Os efeitos relativos da poluição atmosférica na saúde respiratória dos moradores do Rio de Janeiro são piores do que em São Paulo. É difícil dizer quantas pessoas morrem diariamente por causa da poluição do ar, mas estima-se que para um aumento de 10 unidades do poluente PN10 (material particulado formado por partículas com diâmetros menores do que 10 micra, suspensas na atmosfera) no Rio em um dado dia, haveria um aumento de 0,59% na mortalidade por doenças respiratórias um ou dois dias depois. Em São Paulo, esse acréscimo seria menor, de 0,39%”, explica o estatístico epidemiologista. “Estes efeitos podem parecer muito pequenos, mas considerando o tamanho das populações das duas cidades, o impacto na saúde dos efeitos da poluição é razoavelmente grande”, completa.

 

A cultura carioca de praticar exercícios e fazer passeios ao ar livre talvez contribua para uma maior exposição aos efeitos nocivos da poluição urbana. “Minha interpretação é que, em São Paulo, a população já está mais consciente dos efeitos negativos da poluição do ar. Em dias mais poluídos, os paulistanos evitam se expor na rua. A cidade oferece placas que indicam diariamente a qualidade do ar. Já no Rio, as pessoas pensam que a qualidade do ar é ótima, quando não é”, completa o coordenador do Programa Ares-Rio, único no estado do Rio de Janeiro que reúne pesquisadores voltados para o estudo dos impactos da poluição atmosférica sobre a saúde e para o desenvolvimento de novas ferramentas metodológicas na área.

 

Respirar um ar carregado de poluentes todos os dias traz conseqüências que, cedo ou tarde, são percebidas pelo organismo. Doenças respiratórias e cardiovasculares são as mais relacionadas aos efeitos da poluição, que atua como um fator de risco complementar à saúde. “Os efeitos mais comuns da má qualidade do ar são irritação nos olhos e nas vias aéreas, mal-estar e crises de asma, que se intensificam nos dias mais poluídos. Também podem ocorrer, a médio ou a longo prazo, doenças que nem sempre apresentam relação direta com a poluição, como o aumento da pressão arterial, derrames e até paradas cardíacas”, aponta Antonio Ponce de Leon. Ele acrescenta que os indivíduos que mais sofrem com a poluição atmosférica são as crianças e os idosos. “No Rio, uma média de 11 idosos morre por dia devido às doenças respiratórias.”

 

   Antonio Ponce de Leon 
       
  Névoa cinza gerada pela poluição encobre o Pico da Tijuca
Os grandes vilões da poluição do ar – que talvez seja o “bem” mais democrático de todos, compartilhado por pessoas de todas as classes sociais – no Rio de Janeiro são os carros, especialmente aqueles movidos a óleo diesel. “Estima-se que 72% da poluição que envolve a região metropolitana do Rio de Janeiro têm como causa os veículos”, diz Antonio Ponce de Leon. Ele observou a situação de sete bairros do Rio tendo como base dados dos monitores que medem a qualidade do ar na cidade.

 

Durante a pesquisa, foram analisadas informações de todos os monitores automáticos dos poluentes do ar disponíveis na cidade – dois da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema), localizados em Jacarepaguá e na Av. Presidente Vargas; e cinco da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, distribuídos em Copacabana, Tijuca, São Cristóvão e Centro, além de uma unidade móvel. “Entre os bairros analisados, os que têm pior qualidade do ar são Centro e São Cristóvão. Copacabana, Jacarepaguá e Tijuca apresentaram índices de poluição atmosférica mais baixos, mas às vezes com picos”, diz.

 

Apesar de existirem locais com ótima qualidade do ar no estado do Rio de Janeiro, como Parati e Itatiaia, a região fluminense tem áreas de ar bastante poluído devido às atividades industrial e extrativista e ao tráfego intenso de caminhões e outros veículos pesados. “A Baixada Fluminense tem a atmosfera bem poluída devido às indústrias e às grandes rodovias, como a Linha Vermelha e a Dutra. No Sul Fluminense, Volta Redonda, Porto Real e Resende são municípios tipicamente industrializados e poluídos”, diz Antonio Ponce de Leon.

 

Outro aspecto apontado no estudo, em parceria com universidades latino-americanas, é a poluição atmosférica nas principais metrópoles da América Latina. “Cidade do México, Santiago do Chile, São Paulo e Rio são as capitais com o ar mais poluído do continente. Entretanto, outras metrópoles latino-americanas, inclusive muitas brasileiras, podem ter problemas de saúde relacionados com a qualidade do ar. A ausência de redes de monitores de poluição atmosférica em várias destas metrópoles não permite avaliar o quadro completo do problema na América Latina”, conclui.  

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