Vinicius Zepeda
Divulgação/UFRJ |
Crânio do Mariliasuchus amarali: parte da coleção de 15 mil fósseis do acervo do Museu da Geodiversidade |
"Muito da nossa vida – por que, onde, como, para onde vamos e desastres naturais, como terremotos, furacões, vulcões, mudanças climáticas – é identificado e estudado por meio da geodiversidade", explica o paleontólogo Ismar de Souza Carvalho, diretor adjunto do Instituto de Geociências (Igeo), da UFRJ. O museu abriga a terceira maior coleção de fósseis no país, catalogada pelo sistema Paleo do Serviço Geológico do Brasil, de acervos disponíveis na internet. "Ao todo temos 20 mil exemplares de rochas, minerais e fósseis – só estes são 15 mil. O Museu de Geodiversidade nos possibilita reunir esse importante acervo, que retrata a história geológica da Terra. Assim, o conhecimento adquirido ao longo deste meio século na universidade terá maior divulgação para o público em geral, deixando de ficar restrito aos nossos pesquisadores e estudantes", acrescenta Barroso.
Um dos pontos altos do acervo será a exposição do meteorito Uruaçu, composto principalmente de níquel e ferro, encontrado numa fazenda do interior de Goiânia e ainda pouco estudado pelos pesquisadores brasileiros. "Acredita-se que os meteoritos sejam restos de planetas que existiram no início da formação do sistema solar e se desprenderam no espaço. O registro desses materiais e seu estudo serve para contar um pouco do início da formação da Terra", fala Barroso.
Além dos 50 anos da criação do Departamento, o Museu de Geodiversidade celebra ainda os 40 anos da pós-graduação em Geologia da UFRJ, a primeira criada no Brasil. "Durante a inauguração, um vídeo contará as conquistas e os avanços neste meio século. Numa parceria com a Escola de Belas Artes (EBA) da UFRJ, alguns materiais geológicos serão resgatados em seu valor artístico. Trata-se da reconstrução de um dos portais, em tamanho real, da antiga Igreja dos Jesuítas, que ficava na área onde antes ficava o Morro do Castelo, no centro do Rio, demolido durante as reformas urbanas do prefeito Pereira Passos", conta Emílio Barroso. "Esse trabalho é bastante relevante não apenas por resgatar um pouco da história de nossa cidade mas também porque a igreja foi toda construída com calcário de lioz, material rico em registros geológicos e muito usado em antigos monumentos de Portugal, como o Mosteiro dos Jerônimos", acrescenta.
Augusto Malta |
Antiga Igreja dos Jesuítas, demolida durante a reforma urbana feita por Pereira Passos |
O espaço tem ao todo 751 m distribuídos em hall de recepção e corredor de atividades internas e exposições temporárias, uma loja, sala de exposições de longa duração, praça coberta em policarbonato com a réplica de um dinossauro saurópode, destinada a eventos e atividades externas. "Vamos desenvolver um programa de visitação orientada. Numa parceria com o programa Jovens Talentos da FAPERJ, ofereceremos bolsas de pré-iniciação científica para que estudantes do ensino fundamental, moradores das comunidades do entorno, possam atuar como monitores. Desta forma, o museu também pretende realizar um trabalho social de resgate da cidadania destes jovens", explica Ismar.
De acordo com o geólogo Emílio Barroso, uma pesquisa de 2006 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), só nos municípios da região metropolitana do estado, existem 2,4 milhões de matrículas em escolas públicas. "Além disso, a universidade conta atualmente com algo em torno de 32 mil alunos matriculados em seus cursos de graduação, a maior parte deles no campus da Ilha do Fundão, onde está localizado o museu. Esses dados mostram o enorme potencial que um projeto como este tem de levar conhecimento científico para a população e auxiliar no processo educativo de estudantes", explica o paleontólogo. "Também sabemos da carência de oferta de opções que contribuam para a difusão do conhecimento científico em nosso país. O museu é um grande incentivo para que os futuros pesquisadores pensem mais em romper com o isolamento, ainda tão comum, das universidades e em divulgar suas pesquisas à população", complementa Ismar Carvalho.
O museu fica num espaço nobre da universidade, de fácil acesso, onde antes funcionava uma garagem e um depósito de rochas, no térreo do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), dentro do campus Ilha do Fundão, da UFRJ, em região próxima às principais vias de acesso ao centro do Rio (Avenida Brasil, Linha Vermelha e Amarela). Estará aberto para visitação pública e gratuita de segunda a sexta, das 9h às 17h.
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