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Publicado em: 13/11/2008
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Na natureza nada se perde... coprólitos ajudam a entender os dinossauros


Débora Motta

                                                                          Divulgação

        
      Pesquisa sobre os coprólitos revela aspectos ainda 
      incompreendidos do comportamento dos dinossauros   


Os dinossauros viveram na Terra há milhões de anos, mas deixaram preciosos vestígios da sua existência. Para investigar essas espécies extintas, a ciência não pode se dar ao luxo de desperdiçar nenhum material orgânico que pode ser a chave para entendê-los melhor. Excrementos de dinossauros fossilizados (coprólitos – copro=fezes; lito=petrificado) são o objeto de estudo inusitado do paleontólogo Paulo Roberto de Figueiredo Souto, doutor e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), que lança no fim de novembro o livro Coprólitos no Brasil, principais ocorrências e estudo (2008, Editora Publit). Além da análise de coprólitos, o pesquisador dedica seu tempo à curadoria do projeto Atualização e Reorganização da Coleção de Paleontologia da Faculdade de Geologia da Uerj.

O estudo das fezes fossilizadas pode parecer exótico ou até mesmo engraçado. No entanto, os coprólitos são um importante aliado da paleontologia para desvendar como era o comportamento dos dinossauros e a própria evolução da vida no planeta. "Assim como a poluição é o registro que o ser humano deixa na Terra, esses animais deixaram seus restos orgânicos, que não poluiu e ainda contribui para o nosso conhecimento", diz Souto. E prossegue: "A ocorrência dos coprólitos é muito significativa na interpretação ecológica e ajuda a decifrar a interação entre os dinossauros e o papel que eles desempenhavam em suas comunidades."

O professor começou a se dedicar ao tema durante o período em que foi mestrando e doutorando do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "Sempre fui apaixonado por comportamento animal. A tônica do meu trabalho como pesquisador sempre foi essa", avalia Paulo Souto, que reuniu na instituição o maior acervo de coprólitos do mundo, com cerca de 300 exemplares – a maioria do período cretáceo, entre 135 milhões e 65 milhões de anos atrás. "A partir dos restos das presas ou dos vegetais encontrados nesses coprólitos, podemos deduzir questões como o comportamento gregário de algumas espécies e hábitos alimentares, isto é, se eram herbívoros, carnívoros ou onívoros. É possível verificar também se determinada população tinha áreas de domínio por meio da presença de coprólitos de indivíduos jovens e adultos em uma região", explica.

O livro, o primeiro do mundo dedicado especialmente ao tema, mapeia a ocorrência de coprólitos de tartarugas, crocodilos, peixes, dinossauros, aves e mamíferos em várias regiões do Brasil, de forma didática e ilustrativa. "É um livro que começou a ser elaborado em 2006 e traz um texto bem explicativo, já que trata de um objeto de estudo bem estranho", brinca o professor, cujo trabalho rendeu artigos em revistas de peso, como a Gondwana Research e a Revista Brasileira de Paleontologia.

Dando continuidade à pesquisa, Souto promete lançar um segundo livro, mais abrangente, previsto para 2009. Desta vez, o alvo será a marca deixada pelo jato de urina de dinossauros em sedimentos fossilizados (urólitos) e outras formas de resíduos alimentares preservados nos sedimentos (regurgitólitos). "Descobrimos o primeiro urólito já registrado no mundo, em 2003", destaca Souto, acrescentando que o exemplar em questão é de um dinossauro do período cretáceo e foi encontrado na Bacia de Araraquara (SP).

Digitalização do acervo de paleontologia da Uerj

  Acervo/Uerj 
        
 Fóssil do peixe  Dastilbe elongatus, do Cretáceo, é uma
das peças que formam a coleção de paleontologia da Uerj 


Já a Atualização e Reorganização da Coleção de Paleontologia do Departamento de Estratigrafia e Paleontologia (DEPA) da Faculdade de Geologia da Uerj envolveu um trabalho minucioso de catalogação. "É uma demanda constante. Quando entrei no projeto, há três anos, havia 200 exemplares no acervo. Com o trabalho contínuo de coleta e as doações que o departamento recebeu ao longo dos anos, ele cresceu e hoje tem cerca de 800 peças", conta o pesquisador, lembrando que o acervo foi iniciado por volta de 1960, pelos então professores Josué Camargo Mendes, Maria Antonieta da Conceição Rodriguez e Benedito Humberto Rodriguez Francisco.

O projeto, coordenado pelo professor Egberto Pereira, sob o apoio financeiro da FAPERJ, possibilitou a otimização e adequação do espaço que abriga o acervo, a recuperação e limpeza de centenas de exemplares, a identificação e lastreamento de materiais ainda não catalogados e o aprimoramento das informações, além da divulgação – por meio de exposições em eventos e reuniões científicas. "O material estava em condições inadequadas, em uma sala de aula, sem organização sistemática adequada. Muitas peças foram danificadas devido ao manuseio inadequado", lembra o paleontólogo, ressaltando que todo o acervo foi digitalizado e está disponível para pesquisadores.

Entre o material reunido em diversas escavações por todo o país, durante 40 anos, estão fósseis de animais e vegetais que são verdadeiras pérolas da paleontologia. "O acervo tem peças raras. Entre elas, grupos extremamente importantes ainda não estudados, como os graptólitos e as conulárias [invertebrados marinhos que habitavam os mares na era Paleozóica] e réplicas da fauna de Ediacara [invertebrados marinhos que viveram há 400 milhões de anos, no período Cambriano]. O acervo também reúne peças de paleobotânica, como folhas e troncos fossilizados e icnofósseis", enumera.

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