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Publicado em: 16/10/2008
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Brasileiros farão primeira expedição científica ao interior da Antártica

Vinicius Zepeda

           Divulgação/Uerj               

       
   Amostras de gelo são coletadas em diferentes profundidades
Ventos de até cem quilômetros por hora, tempestades de neve, temperatura média em torno de 35 graus abaixo de zero. É este o cenário que o físico Heitor Evangelista da Silva e o biólogo Márcio Cataldo Gomes da Silva, ambos pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), irão enfrentar a partir do dia 18 de novembro, quando participarão de uma empreitada pioneira na ciência brasileira: a primeira expedição totalmente nacional ao interior do continente antártico. Sob a coordenação do glaciólogo – estudioso da história da Terra por meio de análises de gelo – Jéfferson Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), os pesquisadores da Uerj se juntarão a mais quatro cientistas da UFRGS, um chileno e um alpinista. Eles deverão permanecer em torno de 40 dias na Antártica e coletarão amostras de gelo de até 150 metros de profundidade, de neve superficial e de ar polar. O material coletado servirá para investigar questões relacionadas ao aquecimento global – o aumento da temperatura média da Terra em um período relativamente curto, que ocorre devido ao acúmulo de gases estufa na atmosfera do planeta decorrentes da atividade industrial.

Desde o começo dos anos 1980, cientistas brasileiros vêm acompanhando expedições de outros países ao continente gelado. O Brasil inclusive possui pontos de estudos e pesquisas no local, a estação Comandante Ferraz e vários refúgios avançados, na borda nordeste do continente. Dessa vez, entretanto os pesquisadores ficarão acampados numa região a cerca de dois quilômetros da estação brasileira. Segundo Evangelista, que é também coordenador e pesquisador do Laboratório de Radioecologia e Mudanças Globais (Laramg), do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes, da Uerj, o trabalho de coleta de testemunhos de gelo – amostras cilíndricas de gelo retirado de grandes profundidades – que vem sendo desenvolvido pela equipe conta com o apoio da Faperj. “Graças ao apoio da Fundação foi possível adquirir equipamentos científicos para a análise e conservação do material”, fala o físico.

Evangelista destaca ainda o trabalho pioneiro desenvolvido pela equipe do Laramg. “Há três anos fomos o primeiro, e até agora único, grupo do Brasil e da América Latina a isolar bactérias encontradas no gelo da Antártica. Estes microorganismos podem servir para a composição de produtos biotecnológicos como, por exemplo, a Fosfatase Antártica – enzima de emprego comercial, que auxilia no armazenamento de material biológico a baixa temperatura”, explica Evangelista. “Já no começo de 2008, fizemos parte de uma expedição internacional à Antártica em que também coletamos testemunhos de gelo, neve e ar polar. Porém, na ocasião, ficamos na borda continental, numa área de grande altitude. Diferente do que faremos agora em novembro, quando viajaremos ao interior do continente”, acrescenta.

Financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Petrobras, a expedição brasileira servirá também para analisar e avaliar o impacto das queimadas no Brasil e na América Latina e seu impacto na Antártica. “Ao medirmos estas amostras de gelo, encontramos compostos químicos gerados pela queima de florestas como o black carbon – aerossol produzido pela queima de petróleo e em queimadas – e o levoglucosano – açúcar proveniente da decomposição da celulose. Parte desses materiais chegam até a Antártica através da circulação atmosférica”, afirma Evangelista. Segundo o pesquisador, estes indicativos são provas de que as queimadas no Brasil e na América do Sul têm um impacto global, e não somente regional.

A inédita empreitada dos brasileiros deve durar todo o mês de dezembro, incluindo os feriados de Natal e Ano Novo. A expectativa é de que os pesquisadores regressem ao Brasil no dia 10 de janeiro de 2009. Durante o período em que ficarão acampados, os pesquisadores usarão roupas polares especiais capazes de isolar o corpo a temperaturas de até 50 graus abaixo de zero, rádios, motos de neve e aviões com esqui. “Nesta expedição pioneira, esperamos reunir dados suficientes para avaliar também os processos de desertificação, o impacto do aumento industrial e das queimadas no registro das variações climáticas mundiais e, por último, melhorar os estudos brasileiros na área de previsão do clima”, conclui Evangelista.

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