O seu browser não suporta Javascript!
Você está em: Página Inicial > Comunicação > Arquivo de Notícias > Índice de toxoplasmose congênita em Campos é maior que a média do país
Publicado em: 18/09/2008
ATENÇÃO: Você está acessando o site antigo da FAPERJ, as informações contidas aqui podem estar desatualizadas. Acesse o novo site em www.faperj.br

Índice de toxoplasmose congênita em Campos é maior que a média do país

Vinicius Zepeda

 


 Hu et all. (2006) PloS Pathogens

     
     T. gondii formando células-filhas dentro da célula-mãe

Um estudo comparativo do número de casos de toxoplasmose congênita (adquirida pelo bebê via placenta da mãe) em países da Europa e no município de Campos, no Norte Fluminense, mostra que a taxa de crianças infectadas na cidade, é não apenas maior que a européia, mas também que a brasileira. “A média no Velho Continente é de uma criança infectada para cada 10 mil nascidas. No Brasil, a média é de um para mil. Já na cidade de Campos este número é bem maior: um para cada 434 nascimentos”, explica a bióloga Lílian Bahia, uma das autoras da pesquisa. Os resultados do trabalho, que rendeu um artigo publicado em uma revista científica de destaque internacional, a PloS Neglected Tropical Disease, será apresentado durante o Congresso Centenário do Toxoplasma (TCC, do nome inglês Toxoplasma Centennial Congress). O evento, realizado com o apoio da FAPERJ, apresentará os últimos estudos desenvolvidos em todo o mundo sobre a doença e acontecerá dos dias 19 e 24 de setembro na cidade de Búzios, litoral fluminense.

 

Também conhecida como doença do gato, a toxoplasmose é normalmente transmitida aos homens pelo contato, mesmo que indireto, com fezes de felinos. A ingestão de oocistos que contaminam o ambiente, inclusive mananciais de onde se retira água para o abastecimento e consumo humano – e de cistos presentes em carne crua ou mal passada, embutidos crus, frutas, verduras e vegetais mal lavados também são fontes freqüentes de contágio pelo protozoário Toxoplasma gondii. Em 90% dos casos, a doença não se manifesta ou apresenta sintomas semelhantes aos de uma gripe. No caso de bebês contaminados, via placenta, pelas mães grávidas, e dos indivíduos com baixa imunidade, a doença pode provocar sérios danos no sistema nervoso central e à visão.

 

Segundo Lílian Bahia, que é também pesquisadora da Universidade Federal do Norte Fluminense (Uenf) e uma das organizadoras do TCC , a situação de Campos se deve a fatores ambientais como temperatura, a umidade, o leito do Rio Paraíba e a contaminação causada pela construção de poços de água nas casas dos moradores da cidade, hábito trazido do meio rural. “Entre as conclusões que encontramos, verificamos que o Toxoplasma gondii causa lesões oculares mais graves nas crianças infectadas pela mãe no Brasil do que na Europa. As diferenças dizem respeito à freqüência, tamanho e quantidade de lesões e podem ser explicadas devido ao clima do Brasil, que favorece tipos mais virulentos do parasita, mais raros na Europa”, acrescenta a bióloga.

 

Organizado por uma equipe de pesquisadores da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), da Fiocruz, UFRJ, UFMG, PUC-RS, da França e Dinamarca, o TCC é resultado de uma série de iniciativas relacionadas ao combate a toxoplasmose que vem sendo desenvolvidas no município de Campos, Norte Fluminense, desde a década de 1990. Dentre elas, podemos destacar a inauguração, no ano de 1998, de um ambulatório de referência para tratamento e diagnóstico da toxoplasmose. “O congresso vai reunir os melhores especialistas em toxoplasmose do Brasil e do mundo. Ao todo teremos estudantes, médicos e cientistas de 23 países, afirma Lílian.

 

A bióloga acrescenta ainda que o TCC será uma ótima oportunidade de trazer os melhores pesquisadores do Brasil e do mundo para qualificar os médicos de Campos e cidades vizinhas. “O congresso propriamente dito, que é pago, terá sua palestra de abertura na noite do dia 21de setembro. Porém, nos dias 19 e 20 serão oferecidos cursos gratuitos sobre a toxoplasmose ministrados pelos melhores autoridades no assunto do país. As prefeituras que quiserem enviar médicos ou profissionais de saúde para participarem destas atividades pré-congresso, só precisam entrar em contato conosco e enviar uma solicitação para a participação de seus profissionais”, explica Lillian. A bióloga inclusive, em conjunto com outras pesquisadoras, dará aula no curso “Toxoplasmose como problema de saúde pública”. Sua apresentação falará sobre a contaminação dos solos e da água, a endemia e os surtos da doença.

 

Outro destaque do evento será a participação da médica do ambulatório de toxoplasmose e professora da Faculdade de Medicina de Campos, Annelise Wilken. Ela coordenará uma mesa redonda sobre as estratégias de programas de controle de transmissão da toxoplasmose de mães grávidas para os filhos. Segundo a médica Annelise, são atendidos em média, 95 novos casos de toxoplasmose no local por ano. “Entre os anos de 1999 e 2001 desenvolvemos aqui o Programa de Prevenção do Diagnóstico e Tratamento da Toxoplasmose. Este estudo chamou a atenção das autoridades para a necessidade do Sistema Único de Saúde tornar obrigatório o rastreamento da doença nas gestantes. Aquelas gestantes com toxoplasmose na fase aguda da doença são encaminhadas e tratadas aqui, e os recém-nascidos acompanhados durante o período mínimo de 1 ano, até ser descartada a toxoplasmose congênita”, explica. “O programa acompanha todas as possíveis formas da doença e ainda oferece palestras com médicos obstetras – que cuidam de grávidas – voltadas para explicar a doença para a população e esclarecendo dúvidas”, acrescenta.


Já a bióloga Lílian Bahia ressalta outro ponto alto do Congresso além do intercâmbio entre pesquisadores nacionais e internacionais sobre o que há de mais moderno no estudo e diagnóstico da doença. “Entre as discussões do TCC, cabe destacarmos um fórum de especialistas brasileiros. Ali, os pesquisadores se reunirão para elaborar as propostas para a criação de uma rede de pesquisa e de programas de controle da toxoplasmose entre gestantes no Brasil”, conclui.

Compartilhar: Compartilhar no FaceBook Tweetar Email
  FAPERJ - Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
Av. Erasmo Braga 118 - 6º andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ - Cep: 20.020-000 - Tel: (21) 2333-2000 - Fax: (21) 2332-6611

Página Inicial | Mapa do site | Central de Atendimento | Créditos | Dúvidas frequentes