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Publicado em: 18/09/2008
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Bolsista Nota 10 cria nova técnica para diagnosticar doença neurológica

Débora Motta

Divulgação 

            

      Poliomavírus humano, causador da doença LMP,
       é reativado em condições de imunossupressão 

Doença neurológica comum em portadores do vírus HIV, a leucoencefalopatia multifocal progressiva (LMP) terá diagnóstico aprimorado graças a uma nova técnica em desenvolvimento pela bióloga Flávia Fontenelle Muylaert, bolsista Nota 10 da FAPERJ. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosas do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ela propõe uma adaptação da técnica de PCR em tempo real para a detecção do poliomavírus humano, causador da LMP.

"A LMP é a segunda doença neurológica mais freqüente em soropositivos. Normalmente, o poliomavírus humano é contraído durante a infância e a adolescência, no próprio convívio familiar, e fica em forma latente no rim, sem que a pessoa apresente qualquer sintoma durante essa infecção primária. Mas a doença se desenvolve quando o paciente está em estado de imunossupressão. Esse é o caso dos portadores de HIV e de pessoas que fizeram transplantes de órgãos, entre outros. Em condições de imunossupressão, o vírus passa por uma reativação que pode ocasionar mutações e a atração (tropismo) do JCV por células gliais", diz Flávia Muylaert, orientanda da pesquisadora do Laboratório de Virologia do Ipec, Dra. Beatriz de Jesus Pereira Vaz.

A leucoencefalopatia multifocal progressiva afeta o sistema nervoso central (principalmente a substância branca do cérebro), provocando a infecção e lise das células produtoras de mielina, os oligodendrócitos, pelo poliomavírus humano JC (JCV). A doença, que ainda não tem um tratamento específico, é multifocal, pois o vírus chega ao cérebro por via hematogênica (através da irrigação sangüínea), se instalando em focos e produzindo sintomas neurológicos diversos. Entre estes estão: a paralisia em metade do corpo, perda progressiva da capacidade intelectual, distúrbios de visão, perda de coordenação motora, dificuldade de falar. A maioria dos pacientes sem tratamento morre de um a seis meses após o início dos sintomas. Estima-se que até 7% de todos os doentes com a síndrome da imunodeficiência adquirida desenvolvem o mal.

Flávia Muylaert destaca que a proposta do projeto Adaptação da Técnica de PCR Quantitativa em Tempo Real para o Diagnóstico da Leucoencefalopatia Multifocal Progressiva (LMP) é detectar a LMP com mais rapidez e precisão. "Existe uma taxa de casos de LMP não confirmados que cresceu de 15% para 42,5%. Acredita-se que essa elevação esteja relacionada ao uso da terapia antiretroviral altamente potente (HAART) por pacientes com a infecção pelo HIV. O desafio da nova técnica é identificar possíveis casos de falsos negativos e oferecer uma posição para os pacientes, por meio da combinação da PCR em tempo real, até 100 vezes mais sensível do que a PCR convencional, com o método molecular atual, a nested-PCR (reação em cadeia da polimerase). O exame proposto será quantitativo e poderá informar sobre a carga viral do paciente, fornecendo-lhes um prognóstico", avalia a bióloga.

O diagnóstico da LMP pode ser feito com auxílio de técnicas não invasivas, como a tomografia computadorizada ou a ressonância nuclear magnética. Porém, o diagnóstico definitivo é obtido pela confirmação histopatológica, feita por meio da biópsia cerebral, um método invasivo que apresenta morbidade de 8,4 a 12% e letalidade de 2 a 2,9%. Hoje, a detecção do DNA do vírus JCV pela nested-PCR, em amostras do líquido cefalorraquidiano de pacientes com LMP, é uma aliada na confirmação da doença. A técnica que será desenvolvida pela pesquisadora representa uma evolução do método nested-PCR. "A nested-PCR em tempo real é uma composição das duas PCRs. A primeira etapa permanece a mesma utilizada na nested-PCR atual, mas a novidade é que a segunda etapa será feita em tempo real", explica Flávia Muylaert.

Para a pesquisadora, outra vantagem do método é o descarte de uso de produtos cancerígenos. "Eliminamos a necessidade do preparo de géis de agarose, e, portanto, do uso do brometo de etídeo, substância carcinogênica a longo prazo, usada para corar o DNA. A carga viral será fornecida pelo próprio aparelho que capta a fluorescência da sonda no momento que ela se liga ao DNA viral durante a sua amplificação. O que faz deste método mais rápido, de aplicabilidade imediata por parte do laboratório, sem diferenças de custo importantes e fornecedor de dados quantitativos ao invés de qualitativos", conclui a bióloga Flávia.

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