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Publicado em: 11/09/2008
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Jovens Talentos, exemplo de inclusão social e despertar de vocações científicas


Jorge Belizário*

O Programa Jovens Talentos (JT) foi criado no ano 1999 com o objetivo de contribuir, por meio da oferta de bolsas de estágio para pré-iniciação científica a estudantes da rede pública do ensino médio/técnico em universidades e instituições de ensino e pesquisa sediadas no estado do Rio de Janeiro. Fruto de uma parceria da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) e a Fundação Centro de Ciências do Estado do Rio de Janeiro (Cecierj), o JT tem como objetivo incentivar a vocação científica, contribuir para a formação cidadã e elevar a auto-estima de jovens residentes em comunidades carentes. No ano de 2002, assumi a coordenação deste projeto. De lá para cá, tenho reunido dados sobre a eficiência do JT e os resultados encontrados têm sido animadores. A poucos meses de completar sua primeira década de existência, creio que vale a pena que o maior número possível de pessoas tome conhecimento de sua evolução e de seus êxitos. Vale, também, anunciar os planos para o ano que vem.

Para participar do projeto, o jovem deve estar regularmente matriculado na rede pública estadual de ensino, nos níveis médio ou profissional; ter de 15 a 18 anos e apresentar bom rendimento escolar; interesse em atuar na pesquisa e disponibilidade mínima de 8 horas por semana para o cumprimento do estágio. Os jovens são selecionados pela coordenação do projeto, em comum acordo com as instituições que os receberão para o estágio e com as escolas estaduais vinculadas ao JT. Os jovens selecionados são encaminhados aos orientadores, que se dispõem a recebê-los e orientá-los durante as fases do estágio. Os orientadores são pesquisadores vinculados às instituições de pesquisa, que concordam voluntariamente em receber e orientar os estudantes e apresentam titulação mínima de mestre. Os alunos poderão ser inseridos em projeto de pesquisa já existente no laboratório do orientador, ou pode ser criado, para eles, um projeto específico. São muitas as instituições parceiras do Projeto Jovens Talentos: UFRJ, Uerj, Uerj São Gonçalo, IEAPM, PUC-Rio, UCP, LNCC, UniRio, USU, IVP, IVE, UFF, CTAIBB-UFF, CANP-UFF, Uenf, Cefet-Campos, UFRRJ, UFRRJ-Campos, Inca, CBPF, USS, Nupem, DRM, Sebrae e Sebrae da cidade de Santo Antônio de Pádua, Ines, Pesagro, Embrapa e Fiocruz, entre outros.

A participação dos alunos no Programa Jovens Talentos tem demonstrado, através dos depoimentos de ex-bolsistas, que estamos colhendo, ao longo da vigência do programa, uma forte influência sobre inúmeros aspectos da vida social e acadêmica do estudante. Segundo pesquisas que realizamos, os números indicam sua eficácia, no que diz respeito a proporcionar um futuro de melhores oportunidades para estes jovens: 87% deles ingressaram no vestibular e, destes, 67% escolheram a mesma área em que estagiaram como bolsistas JT. Já um estudo qualitativo listou as características dos ex-bolsistas JT que mais foram beneficiadas no período de estágio. A melhora em aspectos relativos à responsabilidade e à maturidade foi ressaltada por 24% dos entrevistados cada, seguida de relacionamento interpessoal (19%), disciplina (18%), organização (14%) e outros (1%).

A partir de 2004, o JT incorporou outros projetos da FAPERJ: por intermédio do Instituto Virtual de Paleontologia, foi inserido no Parque Paleontológico de Itaboraí, e tem mostrado sua vital importância no processo de implementação do espaço. Nesse projeto, nossos bolsistas atuam nas áreas de Geologia, Paleontologia, Arqueologia, Meio Ambiente e Patrimônio, sob a orientação de pesquisadores da UFRJ, da Uerj e do Museu Nacional. Todos os alunos que atuam neste projeto são moradores da localidade, o que permite levar à comunidade o conhecimento da existência do parque e a conscientização da população local para a importância de sua preservação. Também incluem bolsistas de Iniciação Científica do Instituto Virtual do Esporte e o Jovens Talentos Tecnológico, que trata apenas de trabalhos na área tecnológica nas escolas da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec).

Em Saquarema, em 2006, o JT passou a atuar nos sambaquis – vestígios da ocupação pré-histórica do homem no local, formados por elevações constituídas de uma mistura de conchas, instrumentos de pedra lascada e polida, ossos, esqueletos humanos, restos de fogueiras – da região com jovens residentes na cidade, desenvolvendo um trabalho nos sítios arqueológicos locais, de forma a preservá-los, revitalizá-los e divulgá-los, inclusive dentro da própria cidade de Saquarema, onde grande parte da população desconhece sua existência. Neste projeto, a atuação ocorre nas áreas de Arqueologia Pré-Histórica, Arqueologia Histórica e Patrimônio, sob orientação de pesquisadores da Uerj e do Museu Nacional.

No ano de 2007, em parceria com a Eletronuclear, estabelecemos o projeto em Parati e Angra dos Reis, na área de Arqueologia Histórica. Nestas cidades, estamos desenvolvendo um trabalho de resgate do patrimônio e da memória indígena junto a jovens da tribo guarani, de Bracuí, em intercâmbio cultural com jovens não-indígenas. Outra novidade implantada naquele ano foi a inclusão de cinco detentos em regime de liberdade condicional do Presídio Evaristo de Moraes, em São Cristóvão, Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro.

Em 2008, o número de detentos contemplados no JT subiu de cinco para oito. Este ano, também está sendo realizado, de maio até o fim de novembro, uma série de 35 apresentações dos trabalhos desenvolvidos por bolsistas e ex-bolsistas JT do Colégio Técnico Agrícola Ildefonso Bastos Borges, da Universidade Federal Fluminense (CTAIBB/UFF) – escola técnica profissionalizante do ensino de Ciências Agrárias da UFF na cidade de Bom Jesus de Itabapoana, Noroeste fluminense. Outra parceria que firmamos foi com o Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (Ceasm), organização não-governamental que desenvolve projetos sociais junto à população do Complexo da Maré, comunidade de baixa renda da Zona Norte do Rio, em que professores da Escola de Música da UFRJ colaboram com um projeto de memória musical da população local. Por último, absorvemos os alunos do Colégio Pedro II (Unidade São Cristóvão) como bolsistas de pré-Iniciação Científica no Museu Nacional/UFRJ.

No ano de 2009, completaremos uma década de existência com novos projetos e conscientes de nosso papel. Neste sentido, nossas metas são expandir não só o JT como um todo, mas agregar ainda mais valor a nosso trabalho, especialmente as iniciativas feitas a partir de 2007, com a inclusão de jovens indígenas e detentos em liberdade condicional e regime de trabalhos extra-muros. Acabamos de fechar uma parceria com o Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines). Além disso, estamos em fase de negociação de outros convênios: um projeto para que os deficientes visuais do Instituto Benjamin Constant – centro de referência nacional na educação de pessoas com deficiência visual – estagiem na Casa da Ciência da UFRJ. Também estamos trabalhando para a implantação, no próximo ano, de projeto que permitirá a estudantes com distúrbios mentais ligados à Associação de Pais e Amigos do Excepcional (Apae), do município de Bom Jesus de Itabapoana, participarem do programa de reflorestamento que vem sendo desenvolvido na região por meio do CTAIBB/UFF. Por último, estamos negociando a inclusão de menores infratores do Departamento Geral de Ações Sócio-Educativas (Degase).

Às vésperas de completarmos dez anos, temos muitos motivos para comemorar. Atualmente nosso projeto contempla ao todo cerca de 600 bolsistas em 35 municípios espalhados ao longo de todo estado do Rio de Janeiro. Uma vez que a maior parte dos nossos estagiários vive em áreas carentes do estado, os números mostram que temos conseguido alcançar nossos objetivos: incentivar o gosto pela ciência e contribuir para inclusão social destes jovens. Ao proporcionarmos estágios para detentos em liberdade condicional e portadores de necessidades especiais, acrescentamos um novo valor ao nosso projeto. Os resultados demonstram que o caminho escolhido tem obtido êxito. Porém, ainda existem muitas instituições e estudantes por todo o estado do Rio que não conhecem o JT. E nesse sentido, o acesso ao nosso projeto pode representar um diferencial no futuro destas populações a até mesmo de pequenas cidades. Portanto, precisamos continuar esta trajetória vitoriosa não apenas mantendo nossos bolsistas, como ampliando ainda mais nossas ações.

 

   


*Jorge Belizário de Medeiros Maria é coordenador do programa Jovens Talentos desde 2002 e professor da Secretaria Municipal de Educação, formado em História Natural pela Universidade Gama Filho (UGF).

 



As opiniões emitidas nesta seção são de responsabilidade exclusiva de seus autores.

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