Vinicius Zepeda
Divulgação/IBqM |
Vivian Rumjanek: "Apesar de enxergarem, |
A pesquisa A inclusão do surdo na sociedade através do conhecimento científico está sendo desenvolvida por uma equipe de pesquisadores do Instituto de Bioquímica Médica (IBqM), da UFRJ, em parceria com professores e alunos surdos de nível médio, do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines). “Assim como os brasileiros não-surdos falam o português, os surdos do nosso país têm uma língua própria: a Libras. Como toda língua viva, ela sofre transformações movidas pelas necessidades de comunicação. Além disso, ela é reconhecida e regulamentada pelo Ministério da Educação por meio da Lei de Libras. Porém, verifiquei que a Linguagem Brasileira de Sinais possui muito poucos termos científicos, o que dificulta a compreensão e popularização da ciência junto aos surdos”, explica Vivian. “Desta maneira, resolvi desenvolver um estudo sobre o nível de conhecimento científico que eles possuem”, acrescenta.
O projeto está sendo desenvolvido desde 2005 e se subdivide em três vertentes. Numa primeira etapa, estudantes do Ines são selecionados duas vezes por ano para um curso de uma semana, em horário integral. Neste momento, os estudantes formam grupos de discussão sobre temas científicos escolhidos por eles próprios e apresentam trabalhos sobre os assuntos. “Ao final do curso, os que mais se destacam, são selecionados para estagiar conosco nos laboratórios do IBqM. Neste ponto, cabe destacarmos o esforço que não só os surdos mas também, nossa equipe de pesquisadores vem fazendo. Nós todos nos comprometemos a aprender Libras, se comunicar com estes estudantes. Não utilizamos intérpretes para os surdos. O esforço para inclusão na sociedade tem que ser dos dois lados: do nosso e do deles”, afirma Vivian. Atualmente o laboratório conta com seis estagiários surdos.
Glossário de termos científicos em Linguagem Brasileira de Sinais
Divulgação/IBqM |
Estudantes surdos em dinâmica no laboratório do IBqM |
A terceira e última vertente do trabalho coordenado por Vivian Rumjanek é a formação de intérpretes de Libras e surdos alfabetizados com relação a termos científicos como clonagem, mudanças climáticas, câncer, doenças emergentes, viagens espaciais, entre outros. “Cabe destacarmos que a maior parte destes termos não existe na Linguagem de Sinais. Então, dispomos de um enorme esforço para explicar o conceito e os surdos, junto aos intérpretes, desenvolverem um símbolo gestual que corresponda àquela idéia. O objetivo final deste processo é a elaboração de um glossário de termos científicos em Libras”, explica a pesquisadora do IBqM.
Vivian Rumjanek destaca que seu projeto vem trabalhando com surdos desde nascença e com grau de surdez completa. Segundo a pesquisadora, estes, apesar de enxergarem, são invisíveis para a maior parte da população. “Os surdos só são vistos quando estão em bando, conversando por Libras, ou se alguém fala com um surdo que não responde, o deficiente acaba sendo, então, injustamente taxado de mal-educado”, lamenta.
A pesquisadora ainda não tem dados precisos do impacto do seu projeto sobre o universo dos surdos. Mas comemora o sucesso da propaganda gesto a gesto feita pelos estudantes do Ines. “Ano passado tivemos que selecionar 18 de um total de 70 estudantes escritos”, afirma orgulhosa. E promete novidades para 2009. “Apoiados pelo conhecimento que viemos adquirindo com o glossário de termos científicos, resolvemos elaborar, já para o ano de 2009, um curso de especialização no ensino de biociências voltado para surdos”, conclui.
Página Inicial | Mapa do site | Central de Atendimento | Créditos | Dúvidas frequentes