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Publicado em: 14/08/2008
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A memória dos museus e da cidade contada por meio de seus jardins


Vinicius Zepeda

 Divulgação/ Casa de Rui Barbosa

        
     Vista parcial do jardim histórico da Casa de Rui Barbosa


“Os chamados museus-casas têm espaços tão ricos em histórias que o estudo de seus jardins acaba sendo deixado de lado. Muitas vezes, porém, conservar e preservar estes jardins não serve apenas para manter a beleza da paisagem do lugar, mas para contar sua história.” A afirmativa é da arquiteta Ana Maria Pessoa dos Santos, diretora do Centro de Memória e Informação da Casa de Rui Barbosa. Para contribuir para este debate, a instituição sediou, entre os dias 12 e 14 de agosto, o II Encontro Luso-Brasileiro de Museus-Casas. O evento, que contou com o apoio da FAPERJ, reuniu palestrantes, museólogos, arquitetos, paisagistas brasileiros e especialistas portugueses.

A arquiteta e diretora do Centro de Memória e Informação da Casa de Rui Barbosa, Ana Maria Pessoa dos Santos, espera que o 2 Encontro sirva para incentivar e resgatar a importância do estudo dos jardins históricos de museus-casas do Brasil e de Portugal. “Na maior parte das vezes, arquitetos e historiadores têm dificuldade para estudar estes locais. Muito se perdeu dos traços e da memória destas áreas verdes – jardins, hortas, pomares – de fazendas, chácaras e palacetes. Além disso, sabemos muito pouco sobre o uso de plantas pelos índios e africanos da época. No caso da Casa de Rui Barbosa, criamos no nosso site a sessão 'visita virtual ao jardim' em que o usuário pode passear pelo local e conhecer sua história”, explicou.

Entre os participantes da mesa de abertura, o diretor científico da FAPERJ, Jerson Lima Silva, lembrou que desde 2003, quando esteve na Casa de Rui Barbosa apresentando os programas da Fundação, até hoje, vários eventos e projetos de pesquisa ali desenvolvidos têm tido o apoio da instituição. “Esta parceria entre a FAPERJ e Casa de Rui Barbosa só tem crescido. Ainda mais agora, que nosso orçamento é bem maior que o daquela época”, afirmou. O diretor científico aproveitou ainda para defender uma maior democratização do acesso à cultura no Brasil. “Os últimos dados divulgados na imprensa pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram uma melhoria distribuição de renda em nosso país. Entretanto, quando analisamos a questão da cultura, vemos que isso ainda não ocorre. Precisamos incentivar a expansão da cultura por meio de eventos em espaços públicos em todo o Brasil”, acrescentou.

O 2 Encontro faz parte das comemorações pelos duzentos anos da chegada da corte portuguesa ao Brasil, que estão sendo realizadas em todo o país. Também presente à abertura, a historiadora e ex-coordenadora do programa de editoração da FAPERJ, Ismênia Lima Martins, chamou a atenção para a pouca literatura disponível no país sobre a imigração portuguesa e destacou a importância de se debater melhor o assunto e estreitar os laços entre portugueses e brasileiros. “Se procuramos livros sobre o assunto nas livrarias, vemos que é mais fácil encontrar publicações relacionadas à imigração italiana no Brasil do que à portuguesa. Isso acontece apesar da forte presença portuguesa entre nós e mesmo agora, em que o elevado número de imigrantes brasileiros em Portugal já forma a maior colônia de estrangeiros naquele país”, afirmou a historiadora.

  Divulgação/PUC-Rio 
         

 Solar: muitos documentos históricos ainda preservados

Entre as diversas atividades do evento, destacaram-se as palestras sobre os museus-casas e seus entornos. “Tradição e componentes estruturantes da arte paisagística portuguesa (século XVII e XVIII)” foi proferida na manhã do dia 13 de agosto pelo historiador e arquiteto português Helder Carita. “O pesquisador é autor de um dos mais importantes estudos sobre jardins históricos escritos na língua portuguesa: o Tratado de Grandeza dos Jardins em Portugal, ou da originalidade e desaires desta arte, editado no ano de 1987”, explicou Ana Pessoa.

No dia seguinte (14/8), a diretora do Solar Grandjean de Montigny e mestre em artes visuais Piedade Grinberg, participou da mesa redonda “Natureza e espaço rural: quintas e fazendas”. Situado na entrada do campus da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), o Solar é preservado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1938. É a antiga residência do arquiteto francês Auguste Henri Victor Grandjean de Montigny, que veio ao Brasil em 1816 integrando a Missão Artística Francesa trazida por D.João VI para impulsionar uma nova vida às artes e à cultura da cidade. Restaurado e preservado, é um espaço para realização de atividades culturais e artísticas. “Apesar de restar pouco do entorno original da instituição, o local é um dos poucos que reúnem uma grande quantidade de documentos históricos ainda preservados”, afirmou Ana.

Na tarde do dia 14, foi a vez do arquiteto e administrador delegado da Fundação Cultursintra, instituição responsável pela Quinta da Regaleira, falar sobre o espaço que administra, na cidade de Sintra, Portugal. “Ocupado desde o século XVII, a propriedade passou por reformas no final do século XIX e representa o apogeu do ideário romântico. Seu conjunto é considerado patrimônio da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco)”, acrescentou. Para Ana, as discussões do encontro têm sido bastante enriquecedoras. “Ao final deste evento, esperamos reunir um mosaico de histórias contadas por meio de jardins e que elas unidas formem uma história só: a de toda uma cidade”, concluiu.

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