Doze funcionários da Fundação Carlos Chagas Filho de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) começaram nesta segunda-feira, 15 de setembro, as aulas de introdução à informática com instrutores da Cooperativa DinamiCoop, do Morro dos Macacos, em Vila Isabel. O contrato firmado pela FAPERJ com a cooperativa é uma iniciativa pioneira na administração estadual. “É a realização do objetivo de transformar a área de tecnologia numa área social. A finalidade do governo do estado é formar pessoas que possam gerar oportunidades para outras”, disse Fernando Peregrino, secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, presente à aula inaugural, na sede da Fundação.
Também estavam presentes o diretor-presidente da FAPERJ, Marcos Cavalcanti, e a presidente do Proderj (Centro de Processamento de Dados do Estado do Rio de Janeiro), Teresa Porto. Marcos Cavalcanti ressaltou o caráter simbólico desta primeira turma. “A iniciativa pioneira do estado de se colocar como cliente da cooperativa permitirá à comunidade alcançar mais projeção e visibilidade para o trabalho que desenvolve no Morro dos Macacos. É o pessoal do morro mostrando que não e só bom de samba, mas também é bom de cabeça.”
O secretário Fernando Peregrino acrescentou que o contrato com a cooperativa deve ser visto como uma referência importante para as futuras ações da FAPERJ, em que o poder de compra do estado favorece os que realmente necessitam. “Em vez de comprar serviços de empresas já estabelecidas e bem conhecidas do mercado, vamos passar a comprar dessa cooperativa do silício”, afirmou.
A DinamiCoop é formada por ex-alunos de cursos ministrados pelo Centro de Democratização da Informática (CDI) em parceria com o Centro Educacional de Ação Comunitária da Criança e do Adolescente (Ceaca) no Morro dos Macacos. A cooperativa oferece cursos de webdesign, montagem e administração de redes, montagem e manutenção de micros, design gráfico, treinamento em office e silk screen, dentro e fora da comunidade.
Na aula inaugural, os funcionários da FAPERJ aprenderam o que é hardware e software e tomaram conhecimento do programa geral do curso, que terá 23 aulas de duas horas cada: sistema operacional Windows, os programas Word e Excel e internet (buscas, correio eletrônico, download etc). Cada computador é usado por duas pessoas e a cada aula as duplas são trocadas.
Um dos funcionários, Cláudio Mendes de Moraes, que faz serviços gerais na Fundação, disse que está fazendo o curso para melhorar seu currículo. Já Rosângela Gonçalves, do setor de Protocolo, quer aprender coisas que ainda não sabe, como passar e-mails e navegar melhor na internet. “Achei ótimo”, disse.
Um “morro do Silício” na vila de Noel
O professor Leandro Farias, de 23 anos, estudante de Sociologia da Uerj, conta que começou a aprender informática aos quinze anos. Estava descendo o morro para jogar bola e ouviu no alto-falante uma convocação para a aula. Ao entrar no centro comunitário, descobriu que seu vizinho, Jorge Godêncio, hoje com 32 anos, era o professor. Jorge havia feito o 2o grau técnico em processamento de dados na Fundação Bradesco, e um dia viu na padaria um anúncio de recrutamento para professores de informática dispostos a multiplicar seu conhecimento. Os profissionais capacitados da comunidade perceberam então que poderiam se juntar e formar uma cooperativa com serviços de informática.
Leandro e Jorge dão aulas para grupos heterogêneos, que podem incluir tanto crianças com idade em torno de dez anos, como senhores na terceira idade. “A informática é um meio para se chegar a fins maiores”, disse Leandro.
Hoje, a cooperativa tem 26 pessoas. Dos 40 mil moradores do Morro dos Macacos, quatro mil – 10% da comunidade – já foram qualificados pelos cursos. Para evitar que este aprendizado caia no vazio, a cooperativa já começou a absorver muitos dos ex-alunos que, deste modo, se tornam profissionais.
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