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Publicado em: 13/03/2008
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Um tremendo abacaxi que é um rentável agronegócio

Roni Filgueiras

Divulgação/ Embrapa 

     
   Instalações da Embrapa: desenvolvimento e
   melhoria de tecnologia do agronegócio do país

A pesquisadora Lourdes Maria Corrêa Cabral confessa timidamente que gosta de suco de frutas e só um pouco de água-de-coco, mas não resiste mesmo é a um copo de refrigerante. Curiosamente há anos, esta engenheira química se dedica a aprimorar o sabor de frutas tropicais na Embrapa Agroindústria de Alimentos, sediada em Guaratiba. A Embrapa Agroindústria de Alimentos é uma das 38 unidades de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, estatal que atua na melhoria e desenvolvimento de tecnologia sustentável do agronegócio brasileiro. E é entre as árvores da Embrapa Solos, uma outra unidade da Embrapa, no bairro do Jardim Botânico, Zona Sul carioca, que ela concedeu esta entrevista sobre a pesquisa Concentração de sucos de frutas tropicais por osmose inversa e evaporação osmótica, em que mistura as duas técnicas, para obter uma bebida o mais próximo possível do natural. O projeto foi financiado pelo edital Cientistas do Nosso Estado da FAPERJ.

A escolha do abacaxi e da acerola se deve a suas características: a acerola, com alto teor de vitamina C, se presta para o estudo por conta da intenção de se estabilizar o teor dessa vitamina, sendo ainda um excelente modelo para avaliação do efeito dos processos na qualidade nutricional do suco de fruta. O abacaxi é das frutas que mais revela sabor de cozido no seu beneficiamento, perdendo seu sabor natural. Segundo Lourdes, a tecnologia facilitará a operacionalização, o manuseio do produto e trará a conseqüente diminuição de custos com transporte e armazenagem. Mas não é só. A meta é oferecer uma técnica casada, desenvolvida na Embrapa Agroindústria de Alimentos, capaz de ser absorvida no setor agroindustrial nacional e oferecer ao consumidor um suco de maior qualidade.

   Divulgação/ Embrapa 
      
   O sabor do suco de abacaxi não se altera com
  o uso da evaporação osmótica e osmose inversa
Lourdes aponta a desvantagem do uso do processo tradicional: a de retirar a água das frutas evaporando-a, pois a temperatura elevada acaba alterando a qualidade do produto. “Este método prejudica as propriedades sensoriais e nutricionais dos sucos”, arremata a engenheira. Já o acoplamento dos processos de osmose inversa (OI) e evaporação osmótica (EO) driblaria estes problemas. O somatório das duas técnicas, a OI e EO, garante Lourdes, proporciona um suco com alta concentração e boa qualidade. “A OI e a EO são processos que usam membranas, uma espécie de filtro especial, capaz de remover a água de uma solução, em baixa temperatura e pressão.

A osmose inversa é feita com um filtro especial que distingue as moléculas a partir das suas características físico-químicas. “Embora os processos com membranas sejam relativamente recentes, hoje eles são bastante empregados nas indústrias petroquímica, de gases, nas refinarias, na de alimentos e na dessalinização de água, que usa uma membrana capaz de reter sal e deixa passar a água potável”, explica. A osmose inversa tem a vantagem de ser a frio, não alterando o sabor.

Mas o processo apresenta um porém. Trata-se da concentração de açúcares no fim do processo. Na indústria, essa qualidade é quantificada por meio do grau brix. O grau brix afere os sólidos solúveis no suco da fruta. Estes sólidos se compõem basicamente de açúcares (sacarose, frutose e glucose), ou seja, o brix mede a porcentagem de açúcar de um suco. “A limitação da OI é que o fator de concentração máximo do suco de frutas tropicais fica em 35 brix. Para comparar, com os métodos usados atualmente na indústria de sucos, essa concentração fica em 60 brix”, explica Lourdes, mestre e doutora pela Coppe/UFRJ, sobre processos com membranas.

Divulgação/ Embrapa 

     

   Lourdes: técnica traz vantagens
   em relação às tradicionais

Essa barreira de resultados fez com que Lourdes aplicasse um segundo método para aprimorar a concentração, a evaporação osmótica (EO). “Neste processo, o que vai fazer a água ser extraída através da membrana é a solução que está do outro lado do filtro, com alta concentração de um sal (a salmoura). É desta maneira que processamos para a retirada do suco: por meio da diferença de concentração entre a solução diluída, o suco, e outra concentrada, a salmoura”, descreve a pesquisadora. “A vantagem”, continua, “é a temperatura baixa, que não modifica o sabor”.

Aí também não há a restrição do fator de concentração. É possível alcançar uma concentração de 65 brix. O primeiro estudo com esta técnica foi feito no Centre de Coopération Internationale en Recherche Agronomique pour le Développement (Cirad, na sigla em francês), no sul da França, com a fruta camu-camu, que tem 3.000ml de vitamina C, e não houve perda desta vitamina. “Percebi que o interessante seria usar os dois processos”, concluiu Lourdes. “Primeiramente, faríamos a pré-concentação por osmose inversa e depois concentraríamos o suco usando a evaporação osmótica”, exemplifica a pesquisadora, que ficou um ano na França estudando a concentração de suco de abacaxi, no Cirad. Recentemente, proferiu uma conferência sobre a conservação de frutas L’utilisation de la technologie membranaire pour la conservation et concentration des jus des fruits, na Universidade de Avignon.

Lourdes e a sua parceira nas pesquisas, Virginia Matta, estão na fase de estudos da viabilidade técnica e econômica dessa tecnologia. Em seguida, segundo Lourdes, o grande desafio é convencer a indústria das vantagens da implantação desses métodos. “As técnicas apresentam grandes vantagens em relação às tradicionais”, argumenta. “É um processo mais econômico, já que o custo energético é menor, pois é feito à temperatura ambiente, em ambas as etapas.”

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