Vinicius Zepeda
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Hiram Araújo: "Técnica pode criar um novo padrão de qualidade para a produção da erva-mate" |
O processo consiste em empregar um dispositivo adsorvente – que fixa as moléculas extraídas em sua superfície – para reter o aroma. Em seguida, coloca-se o dispositivo no cromatógrafo para separar os componentes da mistura. Estes, por sua vez, são identificados no espectrômetro de massas. O pesquisador do Cefet de Química aponta outras vantagens no método. “No processo tradicional, o solvente usado pode encobrir certas substâncias mais voláteis no resultado final. Com o emprego do nosso método, o sinal do solvente não aparece na conclusão. Além disso, podemos realizar experimentos em outras temperaturas, a fim de maximizar a extração de determinados grupos de substâncias, sem a necessidade de aquecer demasiadamente a amostra”, explica Araújo.
A pesquisa sobre o aroma da erva-mate foi financiada pela FAPERJ entre os anos de 2002 e 2004, quando a professora e pesquisadora do Cefet de Química Maria Elisa Gonçalves Lacerda propôs o tema Caracterização química do aroma da erva-mate: Um estudo visando estabelecimento de padrões de identidade e qualidade, por meio do edital Primeiros Projetos. “Fomos contemplados então e, sob a sua orientação e a da professora e pesquisadora do NPPN/UFRJ (Núcleo de Pesquisas em Produtos Naturais da Universidade Federal do Rio de Janeiro), Maria Auxiliadora Coelho Kaplan, iniciamos o trabalho que resultou na minha tese de doutorado. Na época, só existia um trabalho sobre a determinação da composição química do aroma da erva-mate, pelo método de extração tradicional, publicado em 1991 por dois pesquisadores japoneses. O auxílio da Fundação foi essencial para adquirir os materiais de consumo necessários e desenvolver o método”, recorda Araújo. Mesmo depois do fim do apoio da Fundação, os três pesquisadores continuaram utilizando a técnica para estudar a fração volátil de outras espécies vegetais.
Hiram Araújo |
No extrator (à direita), o aroma da planta é retirado para ser analisado num cromatógrafo |
Ainda com relação à exportação dos produtos derivados da erva-mate, Araújo lembra inclusive que empresas como a Matte Leão do Brasil, Baldo (produtora de chimarrão do Rio Grande do Sul) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) do Paraná se interessaram pela nova tecnologia. “Entretanto, precisamos de um parceiro no mercado, disposto a fazer um investimento significativo para adquirir um cromatógrafo acoplado a um espectrômetro de massas, a fim de aplicar o método em nível industrial”, planeja o pesquisador.
Araújo lembra que um curso de mestrado profissionalizante em Ciência e Tecnologia de Alimentos deverá começar a funcionar no Cefet de Química em breve. “O processo de extração de aroma da erva-mate que desenvolvemos deverá ser um dos casos estudados pelos alunos”, diz o pesquisador.
A nova metodologia é tão versátil que serve até para capturar feromônios – substâncias segregadas para atrair sexualmente ou ajudar na comunicação de indivíduos da mesma espécie – e aleloquímicos – subtâncias usadas para comunicação entre espécies distintas – de insetos. Um exemplo é o projeto, também apoiado pela FAPERJ, que Araújo e Kaplan desenvolvem sob a coordenação da pesquisadora Suzete Bressan, do IBCCF/UFRJ (Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho). “Utilizando nosso método, estamos estudando uma espécie de vespa que se reproduz nas bolsas de ovos de baratas e investigando quais são as substâncias envolvidas neste processo de interação”, conclui Araújo.
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