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Publicado em: 03/09/2003
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Na trilha dos gambás

Marina Lemle 

Numa floresta cheia de passarinhos, João e Maria marcaram o caminho com migalhas de pão e acabaram se perdendo. Mais eficiente foi a técnica usada pelo biólogo André de Almeida Cunha, do Laboratório de Vertebrados do Instituto de Biologia da UFRJ, para saber por onde andam os gambás do Parque Nacional da Serra dos “rgãos, no estado do Rio de Janeiro. Ele acoplou carretéis de linha nos animais para rastrear seus passos.

 

O pesquisador descobriu espécies que gostam de altura e chegam até a copa das árvores, espécies adeptas da meia-altura que pulam de galho em galho e outras menos aventureiras, que preferem andar pelo chão mesmo.

 

O objetivo principal da pesquisa de iniciação científica de André Cunha foi descrever os padrões de uso do espaço da floresta por quatro marsupiais didelfídeos e cuícas (da família do gambá) encontrados numa área do Parque Nacional da Serra dos “rgãos. O projeto gerou uma descrição detalhada inédita do uso do espaço da Mata Atlântica pelos marsupiais.

 

O movimento dos gambás e cuícas foi analisado a partir das variáveis de diâmetro e inclinação dos suportes utilizados, distâncias percorridas e alturas atingidas acima do solo, além de relacioná-las ao tamanho dos animais. A espécie Metachirus nudicaudatus (cuíca-marron) só saiu do chão uma vez em mais de 3.200 metros percorridos durante o estudo. Os representantes de Didelphis aurita (gambá da Mata Atlântica) também preferem o chão, mas foram os únicos a ocasionalmente atingir a copa das árvores. Os Philander frenata (cuícas de quatro-olhos) mostraram que passeiam pelo solo e pelo estrato arbustivo-baixo, nunca subindo à copa, assim como os Marmosops incanus ou cuícas pequenas,que basicamente se mantêm no estrato arbustivo-baixo.

 

Estudos anteriores sobre o mesmo tema foram feitos na Amazônia e na Mata Atlântica com técnicas tradicionais (armadilhas em diferentes alturas) e apresentaram resultados semelhantes, mas não permitiram uma descrição detalhada do trajeto e uso de suportes pelas espécies.

 

 

“Verificamos a partilha do uso do espaço entre estes animais, analisamos a coexistência deles numa área de floresta e estudamos os padrões de utilização dos diferentes estratos da vegetação por cada espécie, que estão relacionados à estrutura da comunidade de pequenos mamíferos como um todo”, explica Cunha, hoje mestrando em Ecologia na UFRJ.

 

 

A idéia do estudo “Padrões de locomoção, Uso do Habitat, Microhabitat e sua Intensidade em Marsupiais da Mata Atlântica” surgiu da experiência do professor Marcus Vinícius Vieira, orientador de Cunha, com pesquisas sobre movimentos de pequenos mamíferos neotropicais através a técnica do carretel de rastreamento, inédita na Mata Atlântica. Esta técnica foi elaborada pelo pesquisador britânico Michael A. Miles para o estudo de rotas de roedores vetores de esquistossomose na Amazônia.

 

Os primeiros resultados sobre a estratificação espacial das quatro espécies foram publicados no Jornal of Zoology da Universidade de Cambridge, Reino Unido. Um trabalho mais específico sobre os padrões de movimento sazonais e em diferentes idades de gambás foi submetido para publicação.

 

Os dados coletados durante o projeto continuam sendo analisados por outros estudantes de graduação orientados pelo professor Marcus Vinícius Vieira. Eles estudam os padrões de movimentos específicos de cada uma das espécies, ligados a períodos reprodutivos, diferenças entre sexos e idades dos indivíduos, entre outras abordagens.

 

Leia também:

Pequenos moradores das árvores
(Revista Ciência Hoje)

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