Vinicius Zepeda
Divulgação |
Professora ensina aluna com paralisia |
No ano 2000, o governo federal criou a chamada Lei Federal de Acessibilidade (lei n 10.098), que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade de pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Na prática, contudo, a grande maioria permanece excluída do acesso à educação pública fundamental devido à falta de professores especializados para atendê-los. Nesse ponto, a coordenadora do LCAA chama a atenção para a importância de sua pesquisa como elemento fundamental para essa inclusão. “Tanto na escola regular quanto na especial, não basta colocar estes alunos na rede de ensino se não criarmos os meios para facilitar seu acesso aos estudos e a sua permanência na escola. O projeto busca favorecer o desempenho acadêmico dos alunos que não falam”, explica.
Intitulada “Dando voz através de imagens: comunicação alternativa para indivíduos com deficiência”, a pesquisa está sendo desenvolvida desde junho deste ano. A estimativa é que até o final de 2008 todos os resultados estejam disponíveis. “Nosso projeto consiste em estudar uma turma de alunos da Escola Municipal Especial Francisco de Castro. Com idade entre 14 e 26 anos, eles apresentam paralisia cerebral, o que os torna muitas vezes, incapazes de se comunicar oralmente. Entretanto, muitos possuem o raciocínio preservado”, explica Leila. “Inicialmente obtivemos autorização dos pais e da professora da turma para filmarmos as aulas. Assim, numa primeira fase, observamos a interação da professora com os alunos em diversas atividades escolares, nas quais não se fazia uso da comunicação alternativa. Atualmente, na segunda fase, estamos com a professora, ensinando os alunos a utilizarem esses recursos dessa outra maneira de comunicação. Depois analisaremos a diferença do aprendizado nas duas situações: antes e depois do emprego da comunicação alternativa”, acrescenta.
Os recursos de comunicação alternativa são vários: símbolos, fotografias, gravuras e desenhos esquemáticos. E ainda palavra escrita, gestos, expressão corporal, facial, comunicadores computadorizados e até mesmo alguns sinais da Linguagem Brasileira de Sinais (Libras). “Entretanto, como, além de não conseguirem se expressar oralmente, eles ainda têm graves limitações motoras, não são capazes de se comunicar por Libras, pois muitos dos sinais são de difícil execução para eles", explica Leila.
A coordenadora do LCAA chama a atenção para a formação de especialistas em comunicação alternativa, o que, segundo ela, é um empreendimento multidisciplinar. “Para avaliarmos o nível da dificuldade e os melhores procedimentos de ensino, devemos contar com uma equipe que inclua profissionais das mais distintas áreas, como Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia, Psicologia, Fisioterapia, Informática e principalmente, o professor. Neste ponto, nós, da Faculdade de Educação da Uerj, temos buscado incluir no curso de Pedagogia disciplinas voltadas para a educação das pessoas com necessidades especiais”, explica a professora.
“No primeiro semestre de 2008, já teremos alguns resultados e entraremos numa outra etapa da pesquisa na qual as famílias serão envolvidas. Ensinaremos os pais a usar a comunicação alternativa com seus filhos. Eles filmarão o cotidiano dos filhos sem os recursos da comunicação alternativa e, depois, com o uso desses recursos”, fala. Segundo Leila Nunes, essa é uma etapa em que os pais demonstram muita resistência. “Inicialmente, eles apresentam dificuldade em empregar estes recursos, pois temem que as crianças não desenvolvam a linguagem oral. Entretanto, a literatura cientifica na área mostra exatamente o contrário. Aqueles que tiverem condições de desenvolver a fala, certamente o farão, pois a comunicação alternativa servirá como um apoio, um incentivo”, acrescenta.
No segundo semestre de 2008, deverão ser cruzados os dados dos estudos de professores, pais e crianças. E os resultados finais deverão estar prontos até o final daquele ano. “A intenção é que os dados sirvam para auxiliar não só professores de escolas especiais, mas também, professores de escolas regulares inclusivas, aquelas que abrigam alunos com necessidades especiais e alunos sem deficiência”, afirma. “Por último, esperamos que este projeto estimule a interação desses alunos entre si e com os professores, promova a auto-estima dos estudantes e estimule seu desempenho lingüístico, acadêmico e cognitivo”, conclui Leila.
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