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Publicado em: 17/10/2007
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Software educativo para deficiente visual via internet ajuda inclusão social

Vinicius Zepeda

Segundo estimativas do último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado no ano 2000, existem no país 16,5 milhões de brasileiros com deficiência visual, o que representaria 9,76% da população. Naquele mesmo ano, no dia 19 de dezembro, o governo federal criou a chamada Lei Federal de Acessibilidade (Lei N 10.098), que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. Na prática, contudo, a grande maioria permanece excluída do acesso à educação pública fundamental devido à falta de professores especializados para atendê-los. Em busca de soluções para o problema, uma equipe de pesquisadores da PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) criou um software de elaboração de conteúdos para cursos via internet – uma das formas de educação a distância – totalmente acessível para portadores de deficiência visual através do leitor de telas por aúdio DOS-VOX. O trabalho de pesquisa, apoiado pelo edital Rio Inovação II da FAPERJ, tem coordenação de Hugo Fuks. Professor associado do Departamento de Informática da universidade, ele assegura que a tecnologia é inédita no mundo.

Intitulado Tecnologias Assistivas para Deficientes Visuais, o estudo começou a ser desenvolvido em março de 2006, fruto de uma parceria entre o Laboratório de Engenharia de Software (LES) do Departamento de Informática da PUC-Rio, a empresa EduWeb e o Instituto Benjamin Constant (IBC), centro de referência nacional em educação de portadores de deficiência visual, situado no bairro da Urca, na Zona Sul do Rio. A empresa já comercializava um software para educação a distância (EAD) via internet, o AulaNet, concebido e desenvolvido no LES. Clientes como Rede Globo, Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, Alpargatas, Caixa Econômica Federal, Proderj (Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do RJ), já utilizaram os serviços da EduWeb, garantindo a entrada de recursos para manter esse ainda jovem empreendimento, nascido na incubadora de empresas da PUC-Rio.

"Conversamos com profissionais do laboratório de educação à distância do IBC que nos propuseram tornar o AulaNet acessível para deficientes visuais. Em contrapartida, uma equipe de profissionais da EduWeb formaria também, dentro do próprio instituto, uma grupo de professores que aprendesse a desenvolver os conteúdos educacionais para incluir no software", explica Hugo Fuks.

O IBC é a única instituição do país que possui um curso com especialização em deficiência visual para professores. O curso é presencial e seleciona em torno de 25 a 30 alunos do país inteiro, que ficam alojados na instituição durante o período de aulas. "Com a utilização do software, poderemos firmar parcerias com instituições de ensino espalhadas pelo país. Desta forma, além do curso presencial – que o Instituto realiza há 60 anos e o capacita como centro de referência nacional na área de deficiência visual – haverá o curso a distância como mais uma frente de trabalho. Isto possibilitará formarmos um número significativamente maior de professores e contribuir enormemente para a inclusão dos deficientes visuais", explica Érica Deslandes Magno Oliveira, diretora-geral do IBC.

André Lucena, um dos sócios da EduWeb, lembra que a formação de uma equipe dentro do próprio IBC apta a elaborar conteúdos na versão para deficientes visuais do Aulanet foi o grande diferencial do projeto. "Se tivéssemos apenas tornado o software acessível, o IBC precisaria pagar cada vez que um novo curso fosse elaborado. Com a formação de uma equipe dentro da própria instituição, eles não dependerão mais de nós. Assim, terão autonomia para expandir seus cursos para todo o Brasil, o que trará enorme benefício social para o país", explica Lucena.

Instrutor de informática com deficiência visual age como consultor no projeto

O projeto de tornar o software AulaNet acessível aos cegos foi desenvolvido em três partes: uma equipe de funcionários da empresa EduWeb ficou encarregada de oferecer ao IBC cursos de web-design, design gráfico, design instrucional e tutores (espécie de professores responsáveis pela elaboração de conteúdo didático) on-line para capacitar os professores do instituto a criar conteúdos para o modo acessível. Já a concepção da nova versão do AulaNet foi toda feita no LES através de duas teses de doutorado e uma dissertação de mestrado do Departamento de Informática da PUC-Rio. "A execução do projeto e a adaptação do software às tecnologias assistivas foi feita pela EduWeb sob minha coordenação.  Eles utilizavam o software 'Da Silva', que lê os códigos de computador e verifica se o site é acessível ou não. Para alcançarem o objetivo, além de vários testes, eles tiveram que refazer toda a arquitetura do AulaNet", recorda Fuks.

O curso de webdesign no IBC já foi concluído. Wilcler Vieira, instrutor de informática do instituto e portador de deficiência visual, integrou a turma de alunos. Durante a formação, ele aprendeu como criar conteúdos gráficos a partir da utilização do software Flash Player, que apesar de inacessível para deficientes visuais, é capaz de gerar conteúdos acessíveis. "Ao entender o funcionamento dele, pude verificar as dificuldades encontradas por nós que não enxergamos e solicitar as mudanças necessárias para que pudéssemos crias as ferramentas acessíveis em webdesign. Desta maneira, servi como uma espécie de consultor em acessibilidade para ajudar a equipe da EduWeb com o novo AulaNet", orgulha-se Wilcler.

Coordenador do projeto Tecnologias Assistivas para Deficientes Visuais, Hugo Fuks espera que até junho de 2008 o Ministério da Educação e Cultura (MEC) conceda a licença para que o Instituto Benjamin Constant (IBC) possa espalhar seu curso de especialização de professores on-line pelo país. Até o final de 2007, a versão acessível do AulaNet estará concorrendo a três importantes prêmios oferecidos por instituições nacionais: a Abedi (Associação Brasileira de Educação à Distância); Educare (Educação, Trabalho e Cidadania); e Riosoft (Companhia Brasileira de Serviços e Softwares Ltda.). Os cursos para capacitação dos professores do IBC devem estar concluídos até o fim do ano. "A partir daí, o Rio terá mais uma vez à sua disposição uma tecnologia de ponta nacional, além de ocupar a vanguarda mundial da tecnologia assistiva", garante o pesquisador.

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