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Publicado em: 02/08/2007
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Historiadores da UFRJ produzem mapa do terrorismo mundial

Mônica Maia

Divulgação IFCS/UFRJ     

          

          O mapa registra ações terroristas mundiais
        ocorridas desde 1991, atualizadas diariamente
  

Depois do mega-atentado de 11 de setembro de 2001, o terrorismo jamais poderá ser encarado da mesma forma. Mas bem antes da tragédia do World Trade Center, em Nova York, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), capitaneado pelo professor de história contemporânea Francisco Carlos Teixeira da Silva, vem estudando e analisando esses fenômenos, que os especialistas chamam de neoterrorismo – o terrorismo de grupos radicais islâmicos pauta a agenda internacional e direciona políticas externas de defesa das grandes potências. O tema mobiliza ações do Laboratório de Estudos do Tempo Presente, criado há 13 anos, no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS), da UFRJ, e produz um portal especializado, que abriga também o Grupo de Acompanhamento e Análise do Neoterrorismo Internacional (Gaati), fundado em 2004.

Coordenados por Francisco Carlos e pelo professor Alexander Zhebit, 11 pesquisadores integram o projeto Acompanhamento e análise do Neoterrorismo, que tem apoio da FAPERJ. Eles exibem na Internet um produto diferenciado, iniciativa do professor Francisco, que vem sendo gerado há três anos: o Mapa do Terrorismo Internacional – The World Map of Terrorist Attacks. Ao clicar em qualquer ponto assinalado nesse mapa-múndi do novo terror, o usuário tem informações sobre os atentados ocorridos no local, o que permite ampla visualização desses fenômenos em todo o globo, a partir de 1991. Com uma base de dados interativa, construída de uma forma lúdica e divertida, o mapa atende especialistas e leigos.

Além de detalhar o cenário geográfico dos conflitos mundiais, este instrumento consolida outros aspectos: clicando sobre determinado ponto, pode-se ver número de mortos, o meio empregado para o ataque e a organização responsabilizada ou autora do atentado. Mesmo as ações do neoterrorismo que envolvem grupos de narcotraficantes, ou facções criminosas brasileiras como o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital estão registradas. Apesar das divergências teóricas sobre definição e alcance do que é terrorismo, há uma explicação de ordem prática: "A motivação não é a mesma. Mas, apesar de diferenças culturais e políticas, o medo que se sente em Bangu, depois dos últimos ataques do comandos cariocas, é tão parecido quanto o que se sente em um território de guerra", analisa Élson Lima, graduando em História da UFRJ.

Esses "historiadores do presente" chamam a atenção para as novas modalidades do terrorismo. Segundo os pesquisadores do Laboratório Tempo Presente, entre 1991 e 2001, forjou-se uma nova pauta de ameaças mundiais. Ao substituir a antiga rivalidade Estados Unidos e União Soviética, as formulações em torno do conceito das novas ameaças se diversificaram e apresentam novos elementos: o narcotráfico e as demais máfias internacionais; ameaças ecológicas e de esgotamento do patrimônio natural; as ameaças aos direitos humanos; novas pandemias globais; presença de Estados-falidos e Estados-párias nas relações internacionais (como Líbia, Coréia do Norte e Iraque); e o novo terrorismo internacional.

Mas o professor Francisco Carlos lembra que o terrorismo é uma prática tão antiga quanto a própria humanidade. "Os antigos assírios já cortavam as árvores e envenenavam os poços de água dos inimigos - numa região desértica isso era muito grave. Mas no século XX, isso assumiu proporções de política de Estado e atingiu de forma espetacular, dada a própria globalização, proporções até então nunca vistas na História. Essa é a exclusividade do século XX: o caráter espetacular do terrorismo de massas", esclarece Francisco Carlos. Analista de Relações Internacionais, o professor ressalta que o mapa do terrorismo ilustra essa característica, capturando e contabilizando os atentados, as regiões mais suscetíveis e o grau de letalidade através dos marcadores espalhados pelo planisfério.

"O primeiro ataque contra as Torres Gêmeas (WTC) foi em 1993, seguido ao atentato às embaixadas americanas na África, aos acampamentos americanos na Arábia Saudita, e contra o navio USSCole. Então, o 11 de setembro é uma primeira culminância, não é um raio em céu azul. O impacto maior dele decorrente é que se generalizou a consciência do risco terrorista sobre todo o mundo. Também houve os custos financeiros desse terrorismo (como as crises mundiais no setor aéreo, logo após os atentados). As próprias sociedades democráticas de massa do Ocidente, como a França, a Alemanha, a Inglaterra e os próprios Estados Unidos, passaram a se ver diante do dilema de abrir mão de suas liberdades individuais ou garantir a segurança frente ao terrorismo", analisa o coordenador das pesquisas e idealizador do mapa.

Geopolítica e história em ritmo contemporâneo

Divulgação 

     

Equipe multidisciplinar compõe o núcleo de
pesquisas e análise do terrorismo internacional

"O mapa é interativo, é lúdico, é mais divertido que um livro e pode aproximar o público das questões do terrorismo internacional, habitualmente restritas à academia. E tudo isso isso pode ser feito de uma maneira teórica e prática ao mesmo tempo. Montado de forma didática, até uma criança pode acessar. Assim, o público se informa brincando", explica Daniel Santiago Chaves, graduando em História UFRJ e integrante do projeto.

A líder do grupo de pesquisa do Gaati, Bárbara Lima, bolsista da FAPERJ e mestranda do Programa de Pós-Graduação em História Comparada da UFRJ, destaca outra meta: "Com o mapa, o professor Francisco ressalta a necessidade de o historiador trabalhar junto com a Geografia e utilizar a cartografia. Há três anos trabalhamos com o Gaati, cuja idéia é transformar o contexto teórico, gerar discussões, falar dos atentados e explicá-los. É uma ferramenta envolvente, que começou com o Grupo de Discussão do Terrorismo, iniciado com seis integrantes", explica Bárbara, que foca seu trabalho teórico na política externa norte-americana.

O mapa é atualizado no máximo em 48 horas, depois de cada evento, utilizando fontes como as agências France Press e Reuters, a BBC e os jornais Folha de S. Paulo, O Globo e sites oficiais, como o da Casa Branca. "Numa ordem específica, damos o tipo de atentado, o número de mortos e a letalidade do ataque. A primeira preocupação é mapear a cartografia. A segunda é com o grupo a que foi atribuído o atentado, e se houve mortos. Bagdá tem mais de 15 marcadores (cada marcador simboliza um ataque). O novo ‘vulcão’, que está acumulando marcadores é o Paquistão", conta Daniel Santiago Chaves.

"O Oriente Médio forma um cinturão de atentados. Decidimos colocar os dados em inglês porque o mapa é ferramenta internacional e em breve toda a página vai ter uma versão em inglês", adianta Joana de Vasconcelos Cordeiro, graduanda em História UFRJ, que foca suas pesquisas na Irlanda do Norte.

O mapeamento do terrorismo gera outros fronts, além dos vieses da pesquisa que abordam antiterrorismo e contraterrorismo; relações internacionais, segurança, desenvolvimento nacional e direito internacional; mídia e espetacularização do neoterrorismo. A questão da Tríplice Fronteira no sul do Brasil é outro foco do projeto.

 Divulgação IFCS/UFRJ

 

 Denúncias de terrorismo na Tríplice
 Fronteira do Brasil são investigadas

"Nosso colega, Arthur Bernardes do Amaral, do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio, faz dissertação de mestrado sobre o terrorismo na Tríplice Fronteira. Mostra como isso se estabelece, com que efetividade a comunidade islâmica na região se relaciona com os grupos terroristas, e se os grandes atentados foram financiados com ajuda local, investigando se o pequeno comerciante islâmico pode contribuir para esse financiamento. Será que não há exagero nisso? Também há questões sobre o modo como a mídia lida com isso", questiona Bárbara.

Além da publicação de um livro utilizando recursos cartográficos das imagens do mapa e artigos acadêmicos elucidando os confrontos que atingem todos os continentes, os pesquisadores têm outras metas com o projeto: prometem um glossário de organizações filiadas ao neoterrorismo - trabalho supervisionado pelo professor Alexander Zhebit - e a realização de um extenso seminário sobre o tema, além do aprimoramento do mapa com o objetivo de torná-lo uma referência internacional na área.

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