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Publicado em: 14/06/2007
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Pesquisador ganha prêmio por estudo sobre Portal de Periódicos



Paul Jürgens


Pesquisador do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) – centro de pesquisa e pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade Cândido Mendes (Ucam) –, Gláucio Ary Dillon Soares foi o vencedor, na categoria pesquisador-docente, do 1 Prêmio Portal de Periódicos, promovido pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), fundação vinculada ao MEC (Ministério da Educação). O anúncio aconteceu no final de maio. O prêmio contemplou ainda Noboru Jô Sakabe (categoria estudante de doutorado), João de Melo Maricato (categoria bibliotecário) e Luiz Cláudio Gomes Maia (categoria estudante de mestrado).  

Ao voltar ao Brasil em 2000 após uma longa temporada no exterior, Gláucio, doutor em Sociologia pela Universidade de Washington, se surpreendeu com o fato de que grande parte dos professores à época, mesmo aqueles lotados em instituições de prestígio do país, não usavam a Internet em suas pesquisas nem conheciam o portal da Capes. Ao analisar o uso do portal em Sociologia e Ciência Política, o pesquisador concluiu que, a partir da criação desse serviço pela Capes, mesmo os alunos e pesquisadores de universidades menores passaram a ter acesso à mesma informação científica disponível para os que freqüentam as universidades de países desenvolvidos do hemisfério Norte. O prêmio em dinheiro, de R$ 3 mil, Gláucio doou para uma escola mantida por uma ONG no interior de Pernambuco.

O Portal de Periódicos da Capes foi inaugurado em 2000. Através dele, professores, pesquisadores, alunos e funcionários de mais de 160 instituições de ensino superior e de pesquisa em todo o País têm acesso imediato à produção científica mundial atualizada. O portal oferece ainda acesso aos textos completos de artigos de mais de 11 mil revistas nacionais e estrangeiras, e a mais de 90 bases de dados com resumos de documentos em todas as áreas do conhecimento. Confira a entrevista:

Boletim da FAPERJ –
O que levou o senhor a fazer esse estudo sobre o desempenho do portal?
Gláucio Ary Dillon Soares – Foram duas as razões: porque trabalho muito com pesquisas pela internet e quando voltei pela última vez ao Brasil, verifiquei, para minha surpresa, que a maioria dos professores com quem falei nas instituições de ponta no país – em Sociologia e Ciência Política – não pesquisavam pela internet nem sabiam o que era o portal. O outro motivo foi o desejo de ajudar a manter uma escolinha para crianças muito carentes em zona rural próxima a Arcoverde (PE), e o prêmio possibilitaria isso.

Boletim da FAPERJ – O senhor investigou o desempenho nas disciplinas de Sociologia e ciência política e constatou que o aluno/pesquisador das universidades brasileiras tem o mesmo acesso à informação científica de estudantes de  universidades americanas. Isso valeria para outras áreas do conhecimento? Pode-se dizer o mesmo sobre o acesso às instituições européias?
Gláucio Ary Dillon Soares – O estudo não se limitou a universidades americanas. Os membros do dinâmico European Consortium for Political Research publicam em inglês. Muitas revistas em áreas conexas são publicadas em inglês. Para bem ou mal, a Sociologia parece estar um pouco mais atrás da Ciência Política nessa unificação do idioma. Em minhas próprias pesquisas uso a maior variedade possível de países para não restringir o contexto. Uma coisa é verificar que uma relação é encontrada em poucos países semelhantes e outra é verificar sua existência em um número grande de países com muitas diferenças entre eles. A segunda aumenta a confiança subjetiva na generalidade da associação.

Boletim da FAPERJ – Em outra pesquisa também premiada pela Capes, o pesquisador Luiz Cláudio Gomes Maia entrevistou 150 professores e pesquisadores de oito áreas da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) para descobrir hábitos e formas de utilização do Portal de Periódicos. Do total de entrevistados, 55% disseram obter total sucesso na busca por documentos científicos e apenas 7,7% informaram que raramente obtém sucesso na pesquisa, ou não obtém. Como o senhor avalia as dificuldades de uso do portal?
Gláucio Ary Dillon Soares – Os resultados apontam na mesma direção que minhas observações pessoais e não sistemáticas, mas não posso afirmar onde está o conjunto das universidades brasileiras em relação à UFMG. É importante ter seminários patrocinados pela Capes, pelas universidades, departamentos e faculdades sobre as vantagens do uso. O público-alvo deve ser de professores. Quando os professores usam, recomendam e incentivam seus alunos a usá-lo, o crescimento dos usuários é grande. Entendamos que a principal utilidade do portal é para os que pesquisam empiricamente e que muitos professores de Sociologia e de Ciência Política não são pesquisadores.

Boletim da FAPERJ – Por que o senhor doou o prêmio de R$ 3 mil a uma escola próxima a Arcoverde? Foi um gesto meramente simbólico?
Gláucio Ary Dillon Soares – A escolinha está numa zona rural a meia hora de Arcoverde que fica a umas quatro horas e meia de ônibus do Recife. Ela foi construída e é mantida por voluntários e por doações. Cada aluno da escolinha custa R$ 40 por mês, mas ela está ameaçada de fechar por falta de recursos. Em Arcoverde funciona a Fundação Terra que faz um bonito trabalho social e do qual tenho a honra de participar. É um mutirão contra a fome e a pobreza. Há agora possibilidade de uma epidemia de meningite, ainda não confirmada, mas a vacina é específica, não é distribuída pelo setor público e custa R$ 150. Não há nada de meramente simbólico nisso. Há vidas que dependem de nosso apoio.

Boletim da FAPERJ – Por que ainda há resistência na área de Ciências Humanas em usar o portal?
Gláucio Ary Dillon Soares – Porque a necessidade só existe para quem pesquisa. Os que, em nome da Sociologia e da Ciência Política, se limitam a regurgitar as idéias de autores teóricos, não pesquisam e o portal não tem utilidade para eles.

Boletim da FAPERJ – A língua, o idioma, não seria uma barreira num país com baixo nível de recursos humanos capacitados para utilizar idiomas estrangeiros?
Gláucio Ary Dillon Soares – Essa talvez seja a principal barreira.

Boletim da FAPERJ – Qual a importância da entrada da Scopus (Editora Campos/Elsevier) na base de dados do portal?
Gláucio Ary Dillon Soares – Na minha opinião, pela qual sou o único responsável, aumenta a base, mas sou adepto do livre acesso, colaboro com Sparc, e considero as companhias que vivem do conhecimento que não produzem como parasitas. Quero vê-las fora do mundo acadêmico. Somos obrigados a tolerá-las porque são um oligopólio.

Boletim da FAPERJ – O senhor recebeu, em 2002, apoio da FAPERJ para a realização da pesquisa Vítimas ocultas da violência no município do Rio de Janeiro. Que resultados foram alcançados com o estudo?
Gláucio Ary Dillon Soares – Este projeto produziu um relatório, um livro com o mesmo nome, uma tese de mestrado, várias apresentações em congressos e artigos acadêmicos, inúmeros artigos em jornais e matérias em programas de TV e de rádio. Todos os seus participantes fazem pós-graduação e dois fazem atualmente doutorado: Dayse Miranda, na Universidade de São Paulo, e Doriam Borges, no Iuperj. Descobrimos e aprendemos muito com essa pesquisa. Fazemos várias recomendações para diminuir a dor que afeta as  muitas vítimas ocultas que sofrem nesse país. Os direitos autorais também vão para os pobres do lixão de Arcoverde. Meus co-autores não são católicos: Dayse Miranda é espírita e Doriam Borges é evangélico, mas fazemos um esforço ecumênico para ajudar os pobres sem perguntar a religião dos beneficiados. O mérito deles é muito grande porque não são católicos e são estudantes, ou seja, vivem da sua bolsa. No momento, estou preparando um projeto sobre os determinantes da delinqüência juvenil para apresentação à FAPERJ.
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